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Economia IMPACTO DIRETO

O impacto da taxação do aço e alumínio pelos EUA para o Brasil; Ceará deve perder R$ 600 mi

Medida de Donald Trump gera alerta para exportações brasileiras, especialmente no Nordeste

11/02/2025 às 10h25 Atualizada em 11/02/2025 às 10h37
Por: Douglas Ferreira Fonte: Com informações Diário do Nordeste
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Taxação dos EUA de 25% vai forçar empresas cearenses a diversificar o mercado - Foto: Reprodução
Taxação dos EUA de 25% vai forçar empresas cearenses a diversificar o mercado - Foto: Reprodução

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio importados afetou diretamente a economia de diversos países, incluindo o Brasil. No caso específico do Ceará, um dos Estados brasileiros com maior presença na exportação de aço, o impacto pode ser significativo, com prejuízos que podem superar R$ 600 milhões.

A magnitude da exportação de aço cearense para os EUA

O aço foi responsável por 37% das exportações do Ceará em 2024, um total de US$ 545 milhões. Desse montante, mais de 80%, equivalente a US$ 438,2 milhões, teve como destino os Estados Unidos. Essa alta dependência do mercado norte-americano coloca as empresas do setor no Estado do Ceará em uma posição vulnerável com a aplicação da tarifa de 25% sobre as exportações. A medida pode resultar em uma diminuição substancial das receitas geradas por esse setor, com impactos diretos nas empresas e, por conseguinte, na arrecadação de impostos.

O impacto econômico e fiscal para o Ceará

A tributação adicional sobre o aço, se mantida, pode afetar tanto as empresas exportadoras quanto a arrecadação de impostos estaduais. O Estado do Ceará, em particular, pode deixar de arrecadar mais de R$ 100 milhões em Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) já em 2025, caso as empresas locais percam competitividade no mercado dos EUA. O aumento nas tarifas pode reduzir a demanda por aço cearense no exterior, já que os compradores americanos podem optar por fornecedores com custos mais baixos, ou até mesmo por alternativas no mercado interno dos EUA.

Além disso, as empresas que dependem das exportações para os Estados Unidos terão que lidar com margens de lucro mais apertadas, o que pode forçar algumas delas a reduzir sua produção ou até mesmo demitir trabalhadores, caso a situação se agrave.

Quem são os principais afetados?

As empresas cearenses do setor siderúrgico, que já exportam uma parte significativa de sua produção para os EUA, serão as mais impactadas pela medida. Entre essas empresas, destacam-se grandes grupos industriais que possuem uma forte presença no mercado internacional. A taxação de 25% sobre o aço poderá tornar seus produtos menos competitivos no mercado norte-americano, o que poderá gerar uma redução nas exportações e em sua participação no mercado global.

Além das siderúrgicas, outras indústrias que dependem de insumos de aço e alumínio, como as de construção e fabricação de máquinas, também serão afetadas, pois o aumento no custo dessas matérias-primas pode gerar uma elevação nos preços internos, prejudicando ainda mais a economia local.

O que o governo brasileiro pretende fazer?

O governo brasileiro, sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reagiu de forma crítica à medida adotada por Trump, classificando-a como uma forma de protecionismo que pode prejudicar a economia brasileira e afetar milhões de empregos, principalmente no setor industrial. Entretanto, até o momento, as ameaças de retaliação não foram seguidas de ações concretas.

Apesar de algumas declarações de ministros e do próprio presidente Lula, que indicaram a possibilidade de medidas retaliatórias, como a aplicação de tarifas sobre produtos norte-americanos, a realidade é que tais medidas seriam difíceis de implementar de forma eficaz sem gerar um impacto negativo também para as empresas brasileiras que importam produtos dos EUA.

O governo brasileiro já demonstrou, em outras ocasiões, que prefere negociar com os Estados Unidos e buscar soluções diplomáticas em vez de adotar uma postura agressiva. O Ministério da Economia e as entidades empresariais envolvidas devem buscar uma mediação junto ao governo norte-americano para tentar mitigar os danos causados pela taxação do aço e alumínio, ao mesmo tempo em que buscam outras alternativas de mercados internacionais para as exportações cearenses.

O futuro do setor no Ceará e no Brasil

A medida de Trump sublinha a necessidade urgente de diversificação de mercados para o setor do aço no Brasil, especialmente no Nordeste. Dependência excessiva de um único mercado pode tornar as empresas vulneráveis a mudanças políticas e econômicas em outros países. O Brasil precisará investir em políticas comerciais que ampliem o acesso a novos mercados, buscando, ao mesmo tempo, fortalecer as relações comerciais com outros países da América Latina e da Ásia, para reduzir os efeitos de uma possível perda de participação no mercado norte-americano.

A ameaça de tarifas mais altas para o aço brasileiro continua a ser um fator de incerteza para os empresários, especialmente no Ceará. Para mitigar os impactos, é fundamental que o governo federal, em conjunto com os governos estaduais, implemente medidas para fortalecer o setor e apoiar a competitividade das empresas cearenses no mercado global.

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