A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de descartar novas medidas de ajuste fiscal confirma o que já se especulava desde o início de 2023: o governo não tem compromisso real com o equilíbrio das contas públicas. Em entrevista nesta quinta-feira (30), Lula foi categórico ao afirmar: “Se depender de mim, não tem”. Segundo ele, cortes não são prioridade e só serão debatidos em caso de necessidade extrema.
A resistência ao ajuste fiscal
Desde o início do mandato, o governo tem demonstrado pouca disposição para adotar medidas de austeridade. O pacote de ajuste enviado ao Congresso no final de 2024 já foi desidratado durante a tramitação, reduzindo seu impacto financeiro de mais de R$ 70 bilhões para R$ 69,8 bilhões até 2026. Agora, Lula reitera que não pretende avançar com novas ações para conter gastos.
A negação do rombo fiscal
Apesar do cenário deficitário, Lula nega qualquer crise fiscal. Segundo ele, o governo anterior deixou um rombo de 2,6% do PIB, enquanto sua gestão teria alcançado quase um superávit se não fosse pelos impactos financeiros da tragédia no Rio Grande do Sul. Essa justificativa, porém, contrasta com os desafios evidentes na arrecadação e nas despesas públicas.
Gastos excessivos seguem intocados
Enquanto o presidente insiste que cortes afetariam apenas os mais pobres, setores com altos gastos permanecem inalterados. Os privilégios do funcionalismo público, as viagens internacionais de luxo, o uso de aviões da FAB e renúncias fiscais questionáveis, como as da Lei Rouanet, poderiam ser reduzidos sem comprometer programas sociais, mas seguem fora da pauta do governo.
A meta de déficit zero em risco
O governo promete déficit zero em 2025, mas sem medidas concretas de contenção, essa meta se torna cada vez mais improvável. A estratégia do Planalto parece se apoiar exclusivamente na reforma tributária, que entrará em vigor apenas em 2027, criando um vácuo até lá.
Apostando tudo no aumento da arrecadação
Em vez de cortar despesas desnecessárias, Lula confia que o crescimento da economia e a arrecadação tributária resolverão o problema. No entanto, sem um controle efetivo dos gastos, o risco de uma crise fiscal continua presente.
A postura do presidente não apenas confirma sua aversão ao ajuste fiscal, mas também reforça a impressão de que nunca houve intenção real de conter gastos. O governo segue apostando no aumento da arrecadação como solução única, enquanto o déficit ameaça se tornar um problema ainda maior nos próximos anos.
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