A ele estendemos hoje o tapete vermelho do orgulho, do respeito e da honra. Rui Barbosa de Oliveira foi o mestre dos mestres do Direito brasileiro. Jurista brilhante, diplomata hábil e defensor incansável da igualdade entre os povos, Rui Barbosa projetou o Brasil no cenário internacional durante a II Conferência da Paz de Haia, na Holanda, e tornou-se símbolo de justiça e liberdade. Seu espírito libertário e seu discurso em defesa da igualdade entre as nações fizeram dele um verdadeiro cidadão do mundo. Eis aqui a nossa homenagem - a homenagem da Gazeta Hora1 - ao maior jurista do Brasil.
Poucos brasileiros podem ser chamados, com justiça, de gigantes. Rui Barbosa de Oliveira, no entanto, transcendeu seu tempo, sua geração e até seu país. Ele não apenas participou da história: ajudou a escrevê-la com letras firmes e altivas, colocando o Brasil, jovem república à época, entre os grandes da humanidade.
Rui nasceu em Salvador, Bahia, em 1849. Desde menino, já se destacava como prodígio. Na juventude, formou-se em Direito e mergulhou na política com a mesma paixão com que se dedicava aos livros e à oratória. Tornou-se advogado brilhante, jornalista combativo, senador respeitado, ministro da Fazenda, escritor e intelectual de raro talento. Sua biografia é vasta, mas foi em 1907, como chefe da delegação brasileira à II Conferência da Paz de Haia, que Rui Barbosa atingiu a imortalidade.
Naquela conferência, reunindo 44 nações - quase todas europeias, ricas e poderosas -, esperava-se que o Brasil fosse apenas um coadjuvante. Mas Rui, com coragem, clareza e erudição, impôs respeito aos gigantes, ergueu a voz em defesa da igualdade entre as nações e denunciou a pretensão das grandes potências de hierarquizar os países perante o direito internacional.
Em discursos memoráveis, Rui Barbosa proclamou que nenhum país - por mais fraco ou pequeno - deveria ser tratado como menos digno ou menos soberano. Ao rejeitar a submissão e afirmar a igualdade jurídica dos Estados, ele transformou o Brasil em protagonista, em exemplo para todos os povos latino-americanos. Foi aplaudido de pé, reverenciado pela imprensa europeia e saudado pelos colegas estrangeiros como símbolo vivo do espírito da justiça.
O próprio Barão do Rio Branco, chanceler da época, o chamou de a Águia de Haia, em alusão à sua visão aguçada e ao voo altivo com que pairou sobre o plenário, superando todos os demais. Rui não apenas falou por si, mas por um país inteiro - jovem, pobre e distante - que, graças a ele, se apresentou à comunidade internacional com orgulho e dignidade.
Delegação do Brasil na II Conferência da Paz com Rui Barbosa ao centro, sentado - Foto: Fundação Casa de Rui Barbosa
Ao voltar ao Brasil, foi recebido como herói. Multidões saíram às ruas para celebrar aquele que, com palavras afiadas como espadas, garantiu ao Brasil um lugar no panteão das nações. Seu maior legado, mais do que cargos e títulos, foi mostrar que um homem só, armado de inteligência, coragem e princípios, pode mudar o destino de uma pátria.
Rui Barbosa acreditava no Direito como força civilizatória, na República como projeto de liberdade e na Justiça como destino do homem. Por isso, ao recordar sua história, não o vemos apenas como jurista ou político, mas como uma verdadeira encarnação do ideal republicano brasileiro: livre, altivo, íntegro.
“Medindo de perto os grandes e os fortes, achei-os menores e mais fracos do que a Justiça e o Direito”.
Com sua pena afiada e sua oratória sublime, Rui Barbosa ensinou ao mundo que dignidade não se mede em riquezas, mas em princípios. E ensinou ao Brasil que não somos menores que ninguém. Ele foi - e continua sendo - nossa Águia de Haia, símbolo eterno da grandeza nacional.
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