Você não leu errado: quando um corvo - ou outras aves - não está bem, ele pode pousar próximo a um formigueiro, abrir as asas e ficar completamente imóvel, permitindo que as formigas caminhem por seu corpo. Ou, em outro tipo de comportamento, ele pega formigas no bico e as esfrega diretamente nas penas. Essa prática é conhecida na biologia como “anting”.
Formigas do tipo Formicinae, comuns em muitos formigueiros, produzem ácido fórmico - um poderoso agente com propriedades antiparasitárias, antifúngicas e bactericidas. Quando liberam esse líquido sobre as penas do corvo, elas ajudam a eliminar fungos, bactérias e ectoparasitas, como ácaros e piolhos.
Anting passivo: o pássaro pousa sobre um formigueiro e deixa que as formigas façam o “banho químico”.
Anting ativo: ele coleta as formigas com o bico, esmagando-as e espalhando o ácido em seu corpo e penas.
Esse comportamento é relativamente comum e já foi observado em mais de 200 espécies de aves - incluindo corvos, gaios, chapins e estorninhos.
Estudos recentes, como um publicado no Journal of Ornithology, mostram padrões entre meses de alta umidade e temperatura, fortalecendo a hipótese de que o anting é eficaz contra parasitas.
Os cientistas discutem várias possíveis funções para esse comportamento:
Controle de parasitas – eliminar ectoparasitas e fungos.
Manutenção das penas – facilitar a limpeza durante a muda.
Preparação alimentar – neutralizar defensivos químicos antes de comer as formigas.
Efeitos sensoriais – o ácido provoca uma sensação de “intoxicação leve”, comparável a um analgésico.
O “anting” destaca a inteligência adaptativa das aves: elas encontraram uma forma natural e autossuficiente de se proteger. A natureza, de fato, pode ser uma farmácia viva - e corvos e outras aves conheceram bem esse remédio.
Fenômeno real, com nome técnico: anting.
Ácido fórmico das formigas age como remédio contra parasitas, fungos e bactérias.
Comportamento observado em centenas de espécies de aves.
Utilizado tanto de forma passiva quanto ativa, e geralmente em períodos de maior infestação.
Serve para higiene, saúde e possivelmente bem-estar sensorial.
A próxima vez que vir um corvo esfregando formigas nas penas, saiba: ele apenas está tomando um banho de saúde - e a natureza está lhe emprestando o remédio.
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