E sai deste plano o grande e querido artista plástico Francisco Galeno.
Um sujeito irrequieto.
Uma cabeça que fervia e gelava concomitantemente.
Uma companhia agradabilíssima.
Um cidadão que saiu do Piauí ainda criança e, com todas as dificuldades possíveis e imagináveis, conseguiu apresentar sua arte ao mundo — sendo bem recebido por onde passou. Sua obra remontava com muito amor à infância vivida na Ilha Grande de Santa Isabel.
Galeno não se afastou um milímetro de suas raízes: a lamparina, o barco, as cores, as formas.
Filho e neto de artesãos, percorreu o mundo inteiro levando no coração sua infância inteira.
Recordo-me do dia em que ele me levou para conhecer um painel que havia pintado, ali no caminho da Ilha.
Pediu um peixe frito e uma cerveja, e me apresentou sua obra dizendo:
“Dona Loísima tinha um sonho: pintar essa parede. E agora consegui”.
Vejam: ele, muito respeitado e reconhecido internacionalmente, tinha orgulho de ter feito a arte da parede por trás do altar da igrejinha de Fátima — idealizada por Sarah Kubitschek — símbolo da capital federal e primeiro templo católico construído em Brasília.
Vendeu quadros para diversas embaixadas ao redor do mundo.
Galeno era um piauiense mais conhecido e respeitado fora do que em sua própria terra.
Mas, sem nenhum motivo aparente, resolveu voltar e morar em Parnaíba — para a sorte de quem teve o prazer de compartilhar bons momentos com ele.
Sinto que Parnaíba empobreceu com sua mudança da terra para outro plano.
Perde a arte, perde o Brasil — e nos deixa sem chão.
Vá em paz, querido amigo. Volpi, Galdi e outros do seu formato estarão no panteão da sua qualidade lhe esperando.
Abraço grande.
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