O combate ao desmatamento é mais uma promessa de campanha descumprida pelo governo Lula da Silva. A Amazônia brasileira continua a sofrer, dia e noite, sob o avanço inclemente de motosserras e tratores. A preocupação com o meio ambiente, tão presente nos discursos de campanha do presidente e da ministra Marina Silva, não passa hoje de retórica vazia. Enquanto a floresta cai, a omissão dos órgãos ambientais é vergonhosa.
Até mesmo os artistas e ativistas que outrora bradavam contra qualquer aumento no desmatamento - de Sting a Greta Thunberg, do cacique Raoni a Leonardo DiCaprio, de Gilberto Gil a Daniella Perez - parecem agora mergulhados em um silêncio sepulcral. Onde estão as vozes que antes denunciavam mês a mês os dados do INPE? Por que calam agora? Estão satisfeitos? Foram cooptados? Ou seriam ambientalistas de ocasião, defensores da floresta apenas quando o adversário político está no poder?
Os dados são alarmantes. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), por meio do sistema DETER, o desmatamento na Amazônia teve um aumento de 55% em abril em relação a março. Foram devastados 270 km², contra 174 km² no mês anterior. O mesmo instituto que, durante o governo anterior, era tratado como farol da verdade e disparava alertas mensais hoje parece ignorado pelas autoridades e por parte da imprensa.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, admitiu a alta, mas preferiu minimizar os dados, afirmando haver “estabilização” no acumulado desde agosto do ano passado. Segundo o DETER, foram 2.542 km² desmatados de agosto de 2023 a abril de 2024, apenas 5% menos que os 2.686 km² registrados no ciclo anterior. Um resultado pífio diante da promessa de "desmatamento zero". Enquanto isso, o Cerrado registrou 690 km² desmatados só em abril, o dobro da Amazônia no mesmo mês.
Diante do fracasso na contenção da devastação, o governo Lula prefere promover reuniões burocráticas e prometer “ajustes”. Enquanto isso, anuncia com estardalhaço um contrato de R$ 478,3 milhões, sem licitação, com a Organização de Estados Ibero-americanos (OEI), para a realização da COP30 - evento que pretende debater justamente a proteção do meio ambiente. Ou seja, meio bilhão de reais para promover discurso, enquanto a prática segue enterrada sob a lama e a fumaça do desmatamento real.
O governo que prometia ser o guardião do meio ambiente tem se revelado cúmplice da destruição por omissão. Pior: tem mantido a retórica ecológica para consumo internacional e interno, enquanto falha gravemente na fiscalização, controle e punição dos crimes ambientais. A Amazônia está sendo destruída em plena luz do dia, e a resposta das autoridades é fria, protocolar, quase cínica.
A diferença agora é que a motosserra opera sob a sombra do silêncio - o silêncio de quem deveria denunciar, de quem deveria proteger, de quem prometeu governar para o planeta. Até quando?
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