Teresina atravessa, ao que tudo indica, a pior crise financeira desde sua fundação por José Antonio Saraiva, exatos 173 anos. A cidade, que já foi referência em gestão pública, hoje parece à deriva, com rombo bilionário e credores batendo à porta, resultado direto da desastrosa administração de Dr. Pessoa.
Mas se o estrago causado pelo ex-prefeito já é suficientemente grave, mais alarmante é a omissão da maioria da Câmara Municipal, que assiste ao colapso da máquina pública com um silêncio que beira o conivente ou o covarde.
Aparentemente, a Câmara hoje é composta apenas por três vozes ativas: Pedro Alcântara, Petrus Evelyn e Samantha Cavalca. Os demais vereadores se escondem, como se a crise não tivesse relação com o papel fiscalizador do Legislativo. Estariam com medo? Ou apenas tentam apagar as digitais que deixaram no desgoverno anterior?
A vereadora Samantha Cavalca (PP) foi direta e sem rodeios. Ao comentar a situação econômica da capital, declarou que os integrantes da gestão anterior “deveriam estar presos” se o país fosse sério. Sua fala reflete o clamor da população e escancara a impunidade que historicamente protege maus gestores.
Não é só uma questão de incompetência. Estamos falando de indícios robustos de má gestão, omissão dolosa e possível crime contra as finanças públicas. Não há mais como maquiar a realidade: a cidade está falida.
Pedro Alcântara (PP) também foi contundente: “Não me sinto constrangido. Quem deve se explicar é quem participou da gestão”. Ele aponta que o rombo de mais de R$ 3 bilhões pode, inclusive, tornar ex-secretários e aliados de Dr. Pessoa inelegíveis - uma bomba que deve estourar nas mãos do Ministério Público, do Tribunal de Contas e da própria Câmara.
Enquanto isso, a maioria dos vereadores não se pronuncia, não fiscaliza, não denuncia. Fingem que não sabem contar até R$ 1 milhão, quanto mais R$ 3 bilhões. A impressão é que ainda esperam que o tempo apague a crise - ou que o eleitor esqueça quem estava ao lado de Dr. Pessoa nos piores momentos.
A legislatura passada da Câmara não só participou da gestão do caos - ela foi cúmplice. Aprovou projetos, empréstimos, silenciou diante das denúncias, assistiu calada ao sucateamento da cidade. Agora, o mínimo que se espera é que a atual legislatura assuma a responsabilidade de apurar, denunciar e cobrar judicialmente os culpados.
Sustentar o silêncio, neste momento, é ser cúmplice novamente.
A população de Teresina merece uma resposta. Os servidores públicos merecem salário em dia. Os credores merecem respeito. Os serviços essenciais - saúde, transporte, educação - precisam funcionar. E para isso, é necessário que o Legislativo cumpra sua missão fiscalizadora.
O que temos agora, infelizmente, é um retrato sombrio: a viúva está morrendo, e a maioria dos vereadores finge que não vê.
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