Originário do Brasil, o Porco Canastrão, também conhecido como - zabumba ou cabano - é considerado a maior raça suína já desenvolvida no país. Com um papel crucial na economia rural por décadas, essa raça hoje enfrenta o risco da extinção, resultado da intensa mestiçagem e da preferência do mercado por raças estrangeiras mais voltadas à produção de carne. Convidamos você a conhecer a história, as características, a importância cultural e o futuro possível dessa joia da biodiversidade brasileira.
A história do Porco Canastrão remonta ao período colonial, quando os portugueses trouxeram porcos europeus que, ao longo do tempo, se adaptaram ao clima, ao solo e às condições adversas brasileiras. Essas adaptações deram origem a uma raça robusta e distinta, criada principalmente para a produção de banha.
O auge do Canastrão ocorreu nas décadas de 1940 e 1950, quando era reconhecido como a maior raça suína do país. Machos podiam atingir até 220 kg e fêmeas 200 kg. Porém, a partir da década de 1970, com a industrialização da pecuária e a chegada de raças estrangeiras mais produtivas, o Canastrão entrou em declínio.
Porte imponente: Considerado a maior raça suína brasileira.
Pelagem variada: Predominantemente preta, mas também há exemplares vermelhos e malhados.
Alta produção de banha: Criado originalmente para esse fim.
Desenvolvimento tardio: Mas com excelente habilidade materna nas fêmeas.
Robustez: Adaptado ao ambiente rural brasileiro.
Durante o século XX, o Canastrão era uma fonte essencial de banha para a culinária e conservação de alimentos, sendo peça-chave na economia de pequenas propriedades rurais. A gordura era usada em preparos típicos, como feijão, farofas, frituras e doces, e também como conservante natural de carnes (como a tradicional carne de lata).
Essa criação familiar sustentava muitas famílias e fazia parte da cultura agroalimentar brasileira, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
Hoje, o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne suína do mundo. A suinocultura moderna se caracteriza por:
Sistema intensivo: Granjas tecnificadas, com controle ambiental e sanitário.
Crescimento e exportação: Recordes de produção e liderança no mercado global.
Inovação tecnológica: Uso de biotecnologia, softwares e nutrição de precisão.
Desafios atuais: Doenças como a Peste Suína Africana e o aumento dos custos de produção.
Principais regiões produtoras: Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.
Apesar do avanço, a pergunta permanece: qual a raça que mais se adaptou ao Brasil? O Porco Canastrão é um forte candidato, por sua origem genuinamente nacional.
Com a valorização da carne magra e o foco em produtividade, o Porco Canastrão perdeu espaço. A mestiçagem intensa tornou raros os exemplares puros, e a maioria dos sobreviventes possui traços híbridos.
Entretanto, há um novo interesse na raça, especialmente devido ao ressurgimento da valorização da banha de porco, associada a benefícios nutricionais antes ignorados. Esse cenário abre caminho para projetos de resgate genético e programas de reprodução seletiva.
A banha, tradicionalmente usada na cozinha brasileira, volta a ganhar prestígio:
Perfil nutricional: Rico em ácidos graxos equilibrados (saturados e insaturados).
Estabilidade térmica: Ideal para frituras e assados, sem gerar compostos tóxicos.
Fonte de vitamina D: Especialmente em animais criados ao ar livre.
Substituto saudável: Alternativa menos processada e mais natural aos óleos vegetais refinados.
O Porco Canastrão representa não só uma linhagem genética valiosa, mas também um símbolo da cultura alimentar brasileira. Sua recuperação depende de ações coordenadas entre criadores, pesquisadores e políticas públicas voltadas à preservação de raças nativas.
Com a redescoberta da banha e o apelo por alimentos mais naturais, o Canastrão pode voltar a ser uma alternativa sustentável e rentável para a suinocultura brasileira - preservando o passado e alimentando o futuro.
Mín. 24° Máx. 35°