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Brasil refém da cleptocracia: Quando o poder serve ao crime

O caso do roubo bilionário no INSS expõe um sistema político que protege ladrões, premia partidos corruptos e deixa o povo no prejuízo - especialmente os mais vulneráveis

06/05/2025 às 10h10
Por: Arthur Feitosa
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Foto: Reprodução
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O Brasil não está mais apenas contaminado pela corrupção. O país vive sob uma cleptocracia - um regime em que o governo é tomado por ladrões, estruturado para o roubo sistemático do dinheiro público. Isso foi dito com todas as letras, num passado recente, pelo ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal. O caso mais recente envolvendo o Ministério da Previdência Social, controlado pelo PDT, na figura de seu presidente Carlos Lupi, é uma radiografia brutal desse modelo de poder sem pudor, onde a ética foi expulsa da República.

Mais de R$ 6,3 bilhões foram desviados de aposentados e viúvas - os mais vulneráveis da sociedade - durante a gestão de Carlos Lupi no ministério. Exonerado após a exposição do escândalo, Lupi deixou em seu lugar Wolney Queiroz, homem de sua mais extrema confiança, suspeito de omissão e continuidade da máquina de corrupção. A mudança foi apenas simbólica, cosmética. Na prática, trocou-se seis por meia dúzia. A estrutura criminosa permaneceu.

E o que aconteceu com os responsáveis? Nada. Nem Lupi, nem o ex-presidente do INSS, tampouco o PDT devolveram um centavo. Nem vão. O partido, inclusive, mantém o controle sobre a pasta. A cleptocracia, neste episódio, foi não só tolerada, mas premiada com novos cargos e com R$ 252 milhões do Fundo Eleitoral para 2026.

Por que tanta impunidade? Porque o sistema é permissivo. Criado para proteger os prevaricadores, não as vítimas. O Estado brasileiro, hoje, está estruturado para servir à autoproteção de políticos e partidos, mesmo quando suas mãos estão sujas com o dinheiro da saúde, da educação e também da aposentadoria dos mais pobres.

Felizmente, uma nova proposta começa a ganhar força no Congresso: responsabilizar diretamente os partidos pelos roubos praticados por seus membros em cargos públicos. A ideia é simples e justa - se o desfalque foi feito por indicação política, que o partido arque com o prejuízo, com valores descontados diretamente dos Fundos Eleitoral e Partidário. Isso evitaria que o Estado fosse roubado duas vezes: primeiro pelos criminosos, depois pela impunidade institucionalizada.

Se um partido toma um ministério “de porteira fechada”, como fez o PDT com a Previdência Social, deve também aceitar o ônus, ou seja, a fatura dos desvios que dele provêm. Não é mais aceitável que legendas políticas ajam como máfias legalizadas, blindadas por conchavos e protegidas por um Judiciário leniente.

O povo brasileiro merece mais do que esse ciclo vicioso de escândalos, exonerações teatrais e zero consequência. O Brasil precisa urgentemente de uma reforma moral e jurídica que encerre a era da cleptocracia.

Enquanto isso não acontece, a pergunta que ecoa é direta e incômoda: Até quando aceitaremos ser governados por...?

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