O nome de Cecília Rodrigues Mota, advogada e servidora pública aposentada, tornou-se central em uma das maiores investigações de desvio de verbas do INSS dos últimos anos. Envolvida em um esquema que pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões, ela presidia duas associações que descontavam valores indevidos das aposentadorias de milhares de brasileiros - sem autorização.
Como se diz no Nordeste, “nada melhor do que atirar com a pólvora alheia”: enquanto os aposentados perdiam parte de seus benefícios, Cecília rodava o mundo, hospedava-se em hotéis de luxo e ostentava uma vida nababesca - com o dinheiro público.
Advogada e servidora pública federal aposentada.
Presidente de duas associações investigadas por corrupção:
AAPEN: Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (antes chamada de Associação Brasileira dos Servidores Públicos).
AAPB: Associação dos Aposentados e Pensionistas do Brasil.
Ambas as entidades funcionaram no mesmo endereço em Fortaleza e, segundo a CGU, podem ser uma organização disfarçada de duas, com fins ilícitos.
As associações descontavam mensalidades sem autorização dos aposentados.
Em muitos casos, usavam assinaturas falsas para formalizar a filiação dos beneficiários.
O dinheiro era repassado a pessoas físicas e jurídicas ligadas a Cecília, movimentando mais de R$ 14 milhões só entre essas conexões diretas.
A Polícia Federal identificou um organograma complexo de repasses e ocultação.
Entre 2 de janeiro e 12 de novembro de 2024, Cecília realizou impressionantes 33 viagens, muitas internacionais, para destinos como:
Dubai
Paris
Lisboa
No ano anterior (2023), ela havia feito 8 viagens - ou seja, em 2024, o ritmo quadruplicou. Em várias ocasiões, estava acompanhada de outras seis pessoas, cujos custos também foram cobertos pelo dinheiro do esquema, segundo a investigação.
“Viajar e gastar como se não houvesse amanhã, ou vítimas, ou crime, ou responsabilidade, ou condenação futura. Todos apostavam na impunidade”.
Mas a impunidade pode estar chegando ao fim.
A CGU e a PF afirmam que as associações eram estruturas de fachada.
A operação “Sem Desconto”, deflagrada em abril de 2025, cumpriu 211 mandados de busca e apreensão em 13 estados e no Distrito Federal.
Cecília foi alvo direto da operação.
O relatório oficial fala em “confusão empresarial propositada”, com compartilhamento de estrutura, diretoria e CNPJ para ocultar o volume real de operações e expandir o alcance da fraude.
O relatório cita:
Seis acompanhantes constantes nas viagens.
Pessoas físicas e jurídicas ligadas diretamente à presidente.
Possíveis operadores financeiros que atuavam como intermediários para lavar e ocultar o dinheiro do crime.
A dúvida que paira é: alguém vai pagar o pato?
Cecília e sua rede estão sendo alvo de investigações sérias, com provas documentais, registros de viagens, movimentações financeiras suspeitas e uma estrutura montada para fraudar o sistema previdenciário.
A defesa de Cecília ainda não se manifestou, mas os órgãos de controle já fizeram o alerta: a farra acabou - ao menos para alguns.
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