A safra 2024/2025 da castanha-do-pará, também conhecida como castanha-do-brasil ou castanha-da-amazônia, enfrenta uma forte redução nos sete estados produtores da Amazônia. A quebra é consequência direta da seca extrema e das altas temperaturas intensificadas pelo fenômeno El Niño. Pesquisadores da Embrapa ainda avaliam a extensão da queda, mas os impactos já chegaram ao mercado: em março, o preço da lata de 20 litros da castanha atingiu R$ 220, uma alta de 266% em relação ao valor médio anterior de R$ 60.
Embora o aumento de preços possa, a princípio, beneficiar os extrativistas, especialistas alertam para o risco de retração da demanda industrial, como já ocorreu em 2017. Naquela ocasião, os altos preços levaram muitas indústrias a retirarem a castanha de suas linhas de produção, substituindo-a por outras sementes oleaginosas mais baratas. Para evitar instabilidades, representantes da cadeia produtiva buscam reforçar que a atual escassez é passageira e que a produção deve se recuperar já em 2025.
O ciclo da castanha-do-pará é particularmente sensível às condições climáticas. A seca que atingiu a região amazônica entre agosto de 2023 e maio de 2024 foi uma das mais severas das últimas quatro décadas, comprometendo a floração e a frutificação das castanheiras. Apesar disso, pesquisadores preveem uma superprodução no próximo ciclo, como já observado após o El Niño de 2015/2016. Segundo a Embrapa, esse fenômeno ocorre porque as árvores tendem a compensar a baixa produtividade com maior frutificação nos anos seguintes, especialmente com a chegada do La Niña.
Para garantir a sustentabilidade da atividade, especialistas recomendam o manejo adequado dos castanhais, como o corte de cipós e o modelo agroflorestal “Castanha na Roça”, que associa agricultura e regeneração natural das árvores. Além disso, cuidados no pós-colheita — como secagem eficiente e armazenamento adequado — são fundamentais para manter a qualidade do produto e agregar valor ao trabalho das comunidades extrativistas que dependem da castanha como principal fonte de renda na Amazônia.
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