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Curiosidade HISTÓRIA MUNIFICADA

Múmias de Sal: Corpos de 2.200 anos surpreendem cientistas no Irã

Enterrados por desabamentos e preservados pelo sal, seis corpos antigos revelam vestígios de violência, parasitas intestinais e status social - um mergulho fascinante no cotidiano de povos esquecidos do Oriente Próximo

12/04/2025 às 06h18
Por: Douglas Ferreira
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Os “Homens de Sal” são múmias altamente preservadas encontradas nas minas de sal no Irã - Foto: Reprodução
Os “Homens de Sal” são múmias altamente preservadas encontradas nas minas de sal no Irã - Foto: Reprodução

Na quietude das minas de sal de Chehrabad, no Irã, a arqueologia encontrou um de seus capítulos mais impressionantes: os chamados Homens de Sal. Descobertos acidentalmente por mineiros em 1993, esses corpos - datados de até 2.200 anos atrás - revelaram-se um achado excepcional pela forma como foram preservados e pelo volume de informações que oferecem sobre a vida, a morte e a saúde dos povos da antiguidade.

A seguir, os principais pontos que tornam essa descoberta um marco:

Preservação natural incrível

  • O sal das minas funcionou como conservante natural, mantendo corpos, roupas, cabelos e até objetos pessoais em estado surpreendente.

  • Um dos corpos - conhecido como "Homem de Sal" - conserva não só os cabelos e a barba, mas também parte do vestuário e até um sapato com o pé ainda dentro.

As múmias dos "Homens de Sal' estão em exposição no museu do Irã - Foto: Reprodução

Informações médicas e científicas raras

  • Exames revelaram traumas anteriores à morte em um dos corpos, sugerindo violência física ou acidentes de trabalho nas minas.

  • Um estudo de 2012 detectou ovos de tênia nos intestinos de uma das múmias - a primeira evidência de parasitas intestinais antigos no Irã - apontando para o consumo de carne crua ou mal cozida e permitindo reconstituir hábitos alimentares daquele período.

Os corpos dos mineiros foram preservados por conta da grande incidênica de sal - Foto: Reprodução

Retratos de uma sociedade esquecida

  • A descoberta de um brinco de ouro em uma das múmias sugere que o morto tinha status social elevado, quebrando a imagem tradicional de que apenas trabalhadores pobres atuavam nas minas.

  • A variedade de artefatos encontrados (ferramentas, cerâmicas, tecidos estampados e até nozes) oferece uma rica janela sobre a cultura material e o cotidiano de civilizações antigas no Oriente Próximo.

Os corpos mumificados revelaram muito sobre o estilo de vida da época, mas ainda há muito a ser descoberto - Foto: Reprodução

Colaboração internacional e alta tecnologia

  • O caso mobilizou uma rede internacional de instituições científicas, como o Museu de Mineração Alemão, a Universidade de Oxford e centros de pesquisa da Suíça e do Irã.

  • Técnicas como varredura 3D e datação por carbono-14 permitiram identificar a origem temporal dos corpos: três da era parta (247 a.C. – 224 d.C.), outros da era sassânida (224–651 d.C.) e um da dinastia aquemênida (550–330 a.C.).


Mistérios ainda sem resposta

Apesar de décadas de pesquisa, muitas perguntas seguem em aberto:

  • O que exatamente motivou a presença de figuras de alta posição social numa mina?

  • Esses homens morreram por acidentes, ou há sinais de conflito e sabotagem?

  • Por que um adolescente e uma mulher estavam entre os mortos?

Legado arqueológico inestimável

A importância da descoberta dos Homens de Sal vai além da curiosidade histórica. Ela redefine os limites da arqueologia preservativa e amplia nosso entendimento sobre:

  • Saúde e doenças antigas

  • Divisão social do trabalho

  • Religião, funerais e hierarquias

  • Globalização do conhecimento científico, com equipes de diferentes países unidas por um mesmo fascínio: reconstruir o passado a partir dos vestígios mais improváveis.

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