O governo federal recuou e anunciou um crédito extraordinário de R$ 4 bilhões para recompor o Plano Safra 2024/2025, após intensa pressão do setor agropecuário e repercussão negativa da suspensão das linhas de crédito subvencionadas. A decisão revela não apenas a falta de planejamento orçamentário, mas também a incapacidade do governo de antecipar os impactos de suas próprias medidas, como o risco de encarecimento dos alimentos e o desgaste político com o agronegócio.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentou justificar a medida alegando que o crédito estará dentro do arcabouço fiscal, mas admitiu que a solução foi necessária porque o Orçamento de 2025 segue indefinido. A demora na apresentação do relatório pelo senador Ângelo Coronel (PSD/BA) e a elevação da Selic agravaram a crise, tornando insustentável a suspensão dos financiamentos.
A reação do setor agropecuário foi imediata e negativa. O corte abrupto no crédito afetaria diretamente a produção e poderia elevar ainda mais os preços dos alimentos. A pressão das redes sociais e do próprio Congresso fez o governo voltar atrás, evidenciando um vai-e-volta que tem marcado a gestão econômica.
No fim das contas, o governo parece agir sem estratégia clara, cortando recursos essenciais enquanto mantém despesas questionáveis. O episódio do Plano Safra mostra que as decisões econômicas não estão sendo tomadas com a devida previsibilidade, mas sim na base da reação ao clamor público. A dúvida que fica é: até quando esse improviso vai durar?
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