Quarta, 16 de Julho de 2025
33°

Tempo limpo

Teresina, PI

Polícia ESCALADA DO CRIME

O crime governa as ruas de Teresina: duas execuções em 12 horas mostam falência do Estado

Facções impõem o medo, desafiam a polícia e executam desafetos em plena luz do dia; até quando?

06/07/2025 às 09h27 Atualizada em 06/07/2025 às 15h24
Por: Douglas Ferreira
Compartilhe:
Francisco Eduardo foi executado no meio da rua - Foto: Reprodução
Francisco Eduardo foi executado no meio da rua - Foto: Reprodução

Teresina parece ter perdido as rédeas da própria segurança. As ruas da capital viraram palco de uma guerra declarada entre facções criminosas, que ditam as regras à margem da lei, executam desafetos à vista de todos e desafiam a polícia "como nunca antes na história do Piauí". Neste sábado, 5, dois homicídios brutais no bairro Santo Antônio, na zona Sul, expuseram de forma cruel quem realmente manda nas ruas: o crime organizado.

No início da tarde, André Felipe da Silva Araújo, de 22 anos, foi morto a facadas no quintal de uma casa, supostamente durante uma bebedeira. Horas depois, por volta das 23h, Francisco Eduardo Nascimento Santos, irmão do suspeito do primeiro homicídio, foi arrastado de casa e executado com cinco tiros, numa vingança imposta por criminosos que buscavam Leo — o suposto autor da morte de André, que não estava em casa.

A cena foi de filme de terror. Criminosos invadem uma casa, capturam um homem inocente só por ser irmão do desafeto e, em plena via pública, o executam para mostrar força e espalhar medo. E a polícia? Chegou só depois para recolher o corpo e abrir investigação, como tem acontecido cada vez mais.

Onde estava a polícia?

É inevitável perguntar: se a morte de André Felipe foi registrada à tarde e a motivação para a vingança era clara, por que não havia policiamento preventivo na região à noite? Como uma quadrilha pode circular, invadir residência, arrastar e matar um cidadão sem ser sequer incomodada por viatura ou patrulha?

Essa ausência gritante da polícia alimenta a sensação de que, em Teresina, estamos nos tornando um narco-estado: um território onde o crime, os traficantes e as facções ocupam o espaço deixado pelas forças de segurança e impõem suas próprias regras. O crime já não se esconde em terrenos baldios ou becos. Executa à luz do dia, em bairros residenciais, diante de famílias e crianças, com a certeza de que nada — nem mesmo a polícia — será capaz de impedir.

A lei da bala

O bairro Santo Antônio foi apenas mais um cenário do mesmo enredo que se repete. Grupos criminosos já não respeitam nem farda nem sirene. Quem manda são eles. Eles decidem quem vive e quem morre. Eles impõem o terror e ditam as normas. É a lei da bala substituindo o Estado.

Enquanto a população se tranca em casa com medo, facções se fortalecem com drogas e armas, arregimentam jovens e desafiam o poder público. Resta a pergunta: quem governará Teresina amanhã, se o Estado continuar ausente hoje?

A polícia precisa recuperar sua autoridade e devolver à população o direito de viver sem medo. Porque, do jeito que está, quem manda é o crime. E o crime não respeita ninguém.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários