Quarta, 16 de Julho de 2025
33°

Tempo limpo

Teresina, PI

Polícia TRAGÉDIA FAMILIAR

Três tragédias, um só lamento: Piauí chora a morte de suas crianças

Mortes de crianças em Teresina, Timon e Arraial escancaram descaso, rotina perigosa e a urgência de políticas públicas para proteger a infância

23/06/2025 às 19h08 Atualizada em 23/06/2025 às 22h02
Por: Douglas Ferreira
Compartilhe:
A pequena Ana Liz morreu sufocado ao ser esquecida dentro do carro no sol - Foto: Reprodução
A pequena Ana Liz morreu sufocado ao ser esquecida dentro do carro no sol - Foto: Reprodução

 

É uma tragédia atrás da outra. E o coração do Piauí - e também de Timon - sangra. Três vidas, três histórias que terminam de forma brutal, e que não podem ser reduzidas à palavra “fatalidade”.

Um menino de 12 anos morre esmagado por um trator de 20 toneladas enquanto dormia num lixão em Teresina. Dois pré-adolescentes morrem ao empinar pipas, vítimas de imprudência e falta de cuidado. E agora, o golpe mais doloroso: Ana Liz Araújo, uma garotinha de apenas três anos, foi esquecida dentro do carro pelo próprio pai - e morreu após passar sete horas trancada sob o calor escaldante do Piauí.

Sete horas. Sozinha. Calada. Inocente. Agonizou até morrer.

O caso aconteceu na cidade de Arraial, a cerca de 218 km ao Sul de Teresina. O pai da criança, um pastor evangélico, costumava levar todos os dias seus dois filhos à escola - o mais velho de 8 anos e Ana Liz, que ia para a creche. Mas, nesta segunda-feira (23), uma pequena mudança na rotina teve um fim devastador.

Segundo a Polícia Militar, o filho mais velho pediu para chegar mais cedo à escola. O pai o levou primeiro e, ao seguir direto para o local de uma obra ligada à igreja, esqueceu que Ana Liz ainda estava no banco de trás. Às 14h30, mais de sete horas depois, ao voltar para o carro, ele encontrou a filha sem vida.

A perícia foi acionada, e o corpo da criança encaminhado ao IML de Floriano.

O pai, agora, está condenado - não por um juiz, mas por um fardo que carregará para o resto da vida. Uma culpa que não prescreve. Uma dor sem absolvição.

Mas ainda assim, alguém precisa ser responsabilizado. Esses casos não podem ser tratados como simples “erros”. Eles exigem ação. Políticas públicas. Educação, prevenção, estrutura. É preciso parar de empilhar tragédias como estatísticas. Cada uma dessas mortes poderia - e deveria - ter sido evitada.

É demais. O Piauí chora. O Brasil precisa acordar.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários