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“Japa” é preso no Litoral do Piauí após nove meses foragido: Polícia aponta elo entre fraudes e morte de agente

Alvo das operações Turismo Criminoso e Bazófia, Thalysson Santiago foi capturado em Parnaíba. Ele é acusado de participar de esquemas milionários de fraude e tem vínculos com o grupo que matou um policial civil durante a ação da Draco

18/06/2025 às 14h23 Atualizada em 18/06/2025 às 15h00
Por: Douglas Ferreira
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Japa passou nove meses foragido da polícia - Foto: Reprodução
Japa passou nove meses foragido da polícia - Foto: Reprodução

Depois de nove meses desafiando a Justiça, Thalysson Santiago Campelo, conhecido como "Japa", foi finalmente localizado e preso pela Polícia Civil do Piauí no município de Parnaíba, no litoral do estado. Sua captura, realizada nesta quarta-feira (18) pela Divisão de Tráfico local com apoio da Diretoria de Inteligência (DIPC), representa um duro golpe contra uma rede de fraudes sofisticadas que operava em várias frentes e estados.

Thalysson estava foragido desde setembro de 2024, quando foi deflagrada a Operação Turismo Criminoso - uma ação que escancarou o funcionamento de uma organização criminosa especializada em fraudes veiculares, falsificação de documentos, transferências ilegais de veículos e obtenção fraudulenta de financiamentos bancários. Seu nome também aparece na Operação Bazófia, da Polícia Federal, deflagrada em novembro de 2024, que mirava fraudes massivas contra o Auxílio Emergencial e o sistema da Caixa Econômica Federal.

Mais do que um estelionatário comum, "Japa" integrava uma engrenagem poderosa e multifacetada de crimes financeiros. Sua permanência em liberdade por tanto tempo levanta questões incômodas: quem o protegia? Onde ele se escondia? Segundo fontes ligadas à investigação, há indícios de que ele tenha circulado por cidades do norte do Piauí e Maranhão, protegido por integrantes da mesma rede que segue operando nas sombras.

Embora Japa negue maior participação no esquema criminoso que resultou na porte de policial civil do Piauí ele tem muito a esclarecer à Operação - Foto: Reprodução

Durante a ação que deflagrou a Operação Turismo Criminoso, Bruno Manoel Gomes Arcanjo, comparsa próximo do grupo e primo de um dos foragidos restantes, Wallace Fernandes, matou o policial civil Marcelo Soares da Costa, do DRACO. A morte do agente provocou revolta e intensificou os esforços de captura. A prisão de Thalysson agora é vista como parte da reparação institucional por essa perda.

Mas Thalysson não se cala. Segundo advogados ligados à defesa, ele nega participação direta nos crimes e afirma ter sido “apenas um elo menor” na engrenagem. Ainda assim, as provas apresentadas  como registros de contas abertas com dados de terceiros, uso de "laranjas" e movimentações bancárias fraudulentas - apontam o contrário. O MP já se movimenta para agravar a tipificação penal, diante da conexão entre os esquemas de fraude e crimes contra servidores públicos.

Dois nomes ainda continuam foragidos: Wallace Fernandes Moreira Silva e Gabriel Seabra Araújo. Ambos são considerados peças-chave no grupo criminoso. Com a prisão de "Japa", os investigadores esperam obter informações estratégicas para fechar o cerco aos demais envolvidos.

O caso de Thalysson Santiago expõe o que muitos já suspeitavam: o crime organizado no Piauí deixou de ser apenas local. Está articulado, sofisticado, e já aprendeu a se infiltrar nas brechas do sistema financeiro e institucional. A pergunta que resta agora é: quantos "Japas" ainda andam à solta, com proteção e influência, entre fraudes e mortes não resolvidas?

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