Depois de nove meses desafiando a Justiça, Thalysson Santiago Campelo, conhecido como "Japa", foi finalmente localizado e preso pela Polícia Civil do Piauí no município de Parnaíba, no litoral do estado. Sua captura, realizada nesta quarta-feira (18) pela Divisão de Tráfico local com apoio da Diretoria de Inteligência (DIPC), representa um duro golpe contra uma rede de fraudes sofisticadas que operava em várias frentes e estados.
Thalysson estava foragido desde setembro de 2024, quando foi deflagrada a Operação Turismo Criminoso - uma ação que escancarou o funcionamento de uma organização criminosa especializada em fraudes veiculares, falsificação de documentos, transferências ilegais de veículos e obtenção fraudulenta de financiamentos bancários. Seu nome também aparece na Operação Bazófia, da Polícia Federal, deflagrada em novembro de 2024, que mirava fraudes massivas contra o Auxílio Emergencial e o sistema da Caixa Econômica Federal.
Mais do que um estelionatário comum, "Japa" integrava uma engrenagem poderosa e multifacetada de crimes financeiros. Sua permanência em liberdade por tanto tempo levanta questões incômodas: quem o protegia? Onde ele se escondia? Segundo fontes ligadas à investigação, há indícios de que ele tenha circulado por cidades do norte do Piauí e Maranhão, protegido por integrantes da mesma rede que segue operando nas sombras.
Durante a ação que deflagrou a Operação Turismo Criminoso, Bruno Manoel Gomes Arcanjo, comparsa próximo do grupo e primo de um dos foragidos restantes, Wallace Fernandes, matou o policial civil Marcelo Soares da Costa, do DRACO. A morte do agente provocou revolta e intensificou os esforços de captura. A prisão de Thalysson agora é vista como parte da reparação institucional por essa perda.
Mas Thalysson não se cala. Segundo advogados ligados à defesa, ele nega participação direta nos crimes e afirma ter sido “apenas um elo menor” na engrenagem. Ainda assim, as provas apresentadas como registros de contas abertas com dados de terceiros, uso de "laranjas" e movimentações bancárias fraudulentas - apontam o contrário. O MP já se movimenta para agravar a tipificação penal, diante da conexão entre os esquemas de fraude e crimes contra servidores públicos.
Dois nomes ainda continuam foragidos: Wallace Fernandes Moreira Silva e Gabriel Seabra Araújo. Ambos são considerados peças-chave no grupo criminoso. Com a prisão de "Japa", os investigadores esperam obter informações estratégicas para fechar o cerco aos demais envolvidos.
O caso de Thalysson Santiago expõe o que muitos já suspeitavam: o crime organizado no Piauí deixou de ser apenas local. Está articulado, sofisticado, e já aprendeu a se infiltrar nas brechas do sistema financeiro e institucional. A pergunta que resta agora é: quantos "Japas" ainda andam à solta, com proteção e influência, entre fraudes e mortes não resolvidas?
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