O que parecia ser apenas mais uma disputa comercial no competitivo mercado de internet no Ceará revelou-se um esquema criminoso sofisticado, com ordens vindas diretamente do Comando Vermelho (CV).
Quinze empresários de provedores de internet foram presos nesta terça-feira (17), em Fortaleza e Caucaia, na quarta fase da Operação Strike, deflagrada pela Polícia Civil do Ceará (PCCE). O grupo agia como testa de ferro da facção carioca, segundo revelou o delegado-geral Márcio Gutierrez.
Os empresários formavam uma espécie de cartel, impondo preços fixos e determinando quais equipamentos de concorrentes deveriam ser destruídos. A ordem era clara: quem não se submetesse, seria eliminado do mercado à força.
A prática criminosa incluía:
Extorsão de concorrentes;
Ataques a lojas, veículos e estruturas físicas de empresas rivais;
Queima de fiações e danificação de postes;
Coação violenta a partir de ordens vindas do Rio de Janeiro, onde líderes da facção estão escondidos.
Os nomes dos empresários presos não foram divulgados oficialmente, mas a polícia confirmou a prisão de 19 pessoas nesta nova fase da operação - incluindo empresários e operadores diretos. Três continuam foragidos, considerados líderes operacionais da facção fora do Estado.
Foram cumpridos 37 mandados de busca e apreensão. Entre o material apreendido:
Oito armas de fogo, algumas registradas em nomes de CACs (colecionadores, atiradores e caçadores);
Centenas de munições;
Dinheiro em espécie;
Equipamentos de telecomunicação.
Também foram bloqueadas contas de 21 suspeitos, totalizando R$ 5,2 milhões em recursos sob suspeita de lavagem de dinheiro.
Desde março de 2025, a Polícia Civil já prendeu cerca de 60 pessoas ligadas ao esquema criminoso. O diretor-adjunto da Draco, delegado Alisson Gomes, destacou que o objetivo dos empresários era monopolizar o mercado de internet no Estado com o apoio logístico e armado do Comando Vermelho.
O delegado Luís Rodrigues, também da Draco, informou que muitos dos empresários já haviam sido alvo em fases anteriores por registro fraudulento de provedores na Anatel.
Pelo menos dez provedores de internet encerraram as atividades no Ceará por não suportarem o ambiente de intimidação: veículos foram incendiados, lojas invadidas e destruídas, fios cortados e colaboradores ameaçados.Por trás do aparente “empreendedorismo digital”, havia um negócio sujo, baseado na violência e na opressão - um exemplo claro de como o crime organizado infiltra setores legítimos da economia para lavar dinheiro e expandir seu poder territorial. A polícia garante que novas fases virão. A internet pode ter se tornado um campo de guerra - e o Ceará, uma frente de combate.
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