Você já percebeu que o caso do consórcio criminoso instalado dentro do INSS é um verdadeiro "monturo" de crimes e corrupção? Quanto mais se investiga, mais se revela o mau cheiro da podridão institucional. Apesar da “cautela” solicitada pelo presidente Lula da Silva à Polícia Federal, os fatos continuam vindo à tona – e eles se aproximam cada vez mais do Palácio do Planalto.
Depois da revelação do envolvimento do irmão do presidente, José Ferreira da Silva, o Frei Chico, por meio do sindicato que integrava, agora é a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares) quem entra no centro do escândalo. A cúpula da entidade é suspeita de enriquecimento ilícito com recursos desviados dos aposentados e pensionistas do INSS.
Ao autorizar a deflagração da Operação Sem Desconto, o juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 15ª Vara Federal de Brasília, afirmou haver "indícios seguros" de que dirigentes da Contag praticaram descontos associativos indevidos em benefícios de milhares de segurados do INSS entre 2019 e 2024. A manobra teria resultado em R$ 2 bilhões arrecadados de forma suspeita pela entidade.
Desse valor, R$ 1,3 milhão foram repassados para empresas e pessoas físicas sem qualquer vínculo formal com a confederação, caracterizando possível lavagem de dinheiro, conforme indicam Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) do Coaf.
Mesmo diante de tais revelações, o presidente Lula nomeou duas representantes da Contag para o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) dias após o início da operação.
A Polícia Federal mira nomes do alto escalão da Contag. Veja alguns dos alvos investigados:
Aristides Veras dos Santos, secretário de Finanças da Contag (licenciado): investigado por autorizar 34.487 descontos indevidos em benefícios do INSS.
Edjane Rodrigues da Silva, secretária de Políticas Sociais (licenciada): assinou o ofício solicitando os descontos e é investigada pela compra de um apartamento de R$ 330 mil, incompatível com sua renda de agricultora familiar.
Thaisa Daiane Silva, ex-secretária-geral: investigada por aquisições de imóveis em Campo Grande (R$ 599 mil) e Estrela Jaguari (R$ 4,7 mil), mesmo sendo produtora de mandioca e hortaliças.
Alberto Ercilio Broch, vice-presidente: suspeito de lavar dinheiro com transações de R$ 130 mil e pela compra de apartamento de R$ 1,62 milhão em Brasília.
A Contag também é acusada de realizar repasses vultosos a federações e empresas sob suspeita, incluindo:
Fetag-BA: R$ 10,53 milhões
Ferasp-SP: R$ 7,99 milhões
Orleans Turismo: R$ 5,21 milhões
WJ Locação: R$ 843,6 mil
Tutano Culinária Artesanal: R$ 737,8 mil
Em janeiro de 2022, uma denúncia semelhante foi arquivada pelo procurador Nery Figueiredo, do MPF, sob argumento de “ausência de provas”. À época, o INSS afirmou desconhecer as irregularidades. Porém, com novos indícios e provas colhidas, o caso foi reaberto e se tornou alvo da Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025.
Em nota oficial, a Contag negou qualquer envolvimento com práticas criminosas, afirmando possuir autorização legal para os descontos, e reiterou que colabora com as investigações. A entidade também repudiou a acusação de fornecer listas falsas de associados ao INSS e disse ter atuado desde 2022 contra descontos feitos por outras entidades, como a Conafer.
A apuração em torno da Contag mostra que o esquema de roubo de benefícios sociais se expandia por diversas camadas sindicais e políticas do país. Enquanto Lula tenta minimizar os impactos com discursos cautelosos, a PF e a Justiça seguem revelando um bilionário esquema de corrupção que sangrou os cofres públicos e explorou os mais vulneráveis da sociedade: aposentados, viúvas e pessoas com deficiência.
As investigações agora se concentram em rastrear os beneficiários finais dos recursos desviados, e o envolvimento de figuras próximas ao governo deverá ser um dos focos mais sensíveis nas próximas fases da investigação.
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