O Ministério Público do Piauí denunciou 27 pessoas envolvidas em um complexo esquema de fraudes bancárias, desarticulado pela Operação Personagens da Polícia Civil. Os acusados são naturais principalmente de Parnaíba e Luís Correia, com ramificações no Maranhão, Ceará e até na Itália.
Entre os principais nomes estão Rafael Rodrigues dos Santos, que movimentou sozinho mais de R$ 3,7 milhões, além de Raimundo Nonato Pereira dos Santos Filho, Neusiele da Silva Alves, Bruno Machado de Carvalho, entre outros.
O modus operandi da quadrilha envolvia três núcleos:
Técnico/intelectual: operava os sistemas eletrônicos, preenchia dados falsos e acessava aplicativos bancários.
Campo: recrutava os chamados “personagens” e os levava até agências físicas.
Lavagem de dinheiro: movimentava e ocultava os valores oriundos das fraudes.
O grupo fraudava empréstimos consignados usando documentos falsificados e reconhecimento facial simulado. As contas bancárias, embora abertas em nome das vítimas (incluindo moradores de rua), eram controladas pelos criminosos.
As principais vítimas eram:
Bancos e financeiras, lesados com empréstimos fraudulentos.
Pessoas vulneráveis, como moradores de rua e pessoas de baixa renda, usadas como "laranjas".
Em alguns casos, vítimas reais tiveram seus dados utilizados indevidamente para abertura de contas e seguros.
Os valores obtidos com os golpes eram:
Depositados em contas abertas fraudulentamente.
Transferidos entre integrantes para ocultar a origem (lavagem de dinheiro).
Em parte, reinvestidos em bens de luxo e movimentações atípicas, ainda sob investigação.
A Polícia Civil efetuou prisões em flagrante durante a operação em abril. Não foi divulgado o número exato de presos até o momento, mas parte dos 27 denunciados já responde em liberdade ou sob medidas cautelares. A ação da polícia incluiu apreensões de celulares, notebooks e documentos falsos, fundamentais para elucidar o esquema.
O prejuízo estimado ultrapassa R$ 12 milhões, valor que o MP quer ver bloqueado das contas dos envolvidos. A denúncia, assinada pelo promotor Marcelo de Jesus Monteiro, inclui os crimes de:
Organização criminosa
Estelionato qualificado
Lavagem de dinheiro
O caso foi redistribuído para a Vara de Delitos de Organização Criminosa, seguindo determinação do STF, e aguarda julgamento.
A Operação Personagens escancarou a sofisticação e audácia de uma quadrilha que agia sob aparência de legalidade, explorando brechas em sistemas bancários e usando a identidade de pessoas vulneráveis como escudo para seus crimes.
A denúncia é um passo decisivo contra as fraudes financeiras no Piauí, e o bloqueio dos valores pode abrir caminho para indenizações e ressarcimentos, além de inibir novas organizações desse tipo.
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