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Polícia LUXO E OSTENTAÇÃO

PF apreende carros de luxo comprados com dinheiro de aposentados em nova fase da Operação Sem Desconto

Investigação mira operador ligado à Conafer por lavagem de dinheiro com recursos desviados do INSS; esquema já causou prejuízo de R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024

14/05/2025 às 15h04
Por: Douglas Ferreira
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Operação apreendeu veículos de luxo das marcas renomadas BMW, Mercedes-Benz e Audi - Foto: Reprodução
Operação apreendeu veículos de luxo das marcas renomadas BMW, Mercedes-Benz e Audi - Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) deflagrou uma nova fase da Operação Sem Desconto nesta quarta-feira, 14 de maio de 2025, visando aprofundar as investigações sobre o esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. Esta etapa foca na lavagem de dinheiro por meio da aquisição de veículos de luxo com recursos desviados de aposentados e pensionistas.

Alvos da operação

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Presidente Prudente, interior de São Paulo. O principal alvo é um operador financeiro vinculado à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais do Brasil - Conafer, uma das entidades investigadas por envolvimento no esquema de descontos indevidos em benefícios previdenciários. Este indivíduo é suspeito de utilizar os valores obtidos fraudulentamente para adquirir veículos de alto padrão, como parte do processo de lavagem de dinheiro.

Veículos de luxo Apreendidos

Durante as diligências, a PF apreendeu diversos veículos de luxo adquiridos com recursos provenientes das fraudes. Embora o número exato e os modelos dos carros não tenham sido divulgados oficialmente, as investigações apontam para a compra de automóveis de marcas renomadas, como BMW, Mercedes-Benz e Audi, caracterizando uma tentativa de dissimular a origem ilícita dos fundos desviados.

Prisões e situação dos envolvidos

Até o momento, não foram emitidos mandados de prisão relacionados a esta fase específica da operação. O foco principal tem sido a apreensão de bens e a coleta de provas que corroborem as suspeitas de lavagem de dinheiro. No entanto, em fases anteriores da Operação Sem Desconto, a PF já havia cumprido seis mandados de prisão temporária, resultando em três detenções. Além disso, foram afastados seis servidores públicos de suas funções, e o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido em decorrência das investigações.

Esquema de fraudes no INSS

As investigações revelaram que, entre 2019 e 2024, entidades associativas e sindicatos realizaram descontos não autorizados diretamente na folha de pagamento de aposentados e pensionistas, sob a justificativa de prestação de serviços ou convênios. Estima-se que cerca de R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados nesse período, afetando aproximadamente 9 milhões de beneficiários. A operação identificou que os valores eram repassados a dirigentes dessas entidades e utilizados para enriquecimento ilícito, incluindo a aquisição de bens de alto valor.

Medidas adotadas

Em resposta ao escândalo, o governo federal suspendeu todos os acordos que permitiam descontos associativos em benefícios previdenciários. Além disso, iniciou-se um processo para ressarcir os aposentados e pensionistas lesados, permitindo que os beneficiários contestem os descontos indevidos e solicitem a devolução dos valores por meio do aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135. As entidades envolvidas terão um prazo para apresentar documentação que comprove a autorização dos descontos; caso contrário, serão obrigadas a devolver os valores ao INSS, que os repassará aos beneficiários.

A Operação Sem Desconto continua em andamento, com a PF e a Controladoria-Geral da União - CGU, aprofundando as investigações para identificar todos os envolvidos e recuperar os recursos desviados.

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