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Polícia NARCOTRÁFICO

Do paraíso à guerra urbana: Como Joaquim Pires se tornou refém das facções criminosas

Antes conhecida pela tranquilidade e pelas belezas naturais como a Lagoa do Cajueiro, a pequena Joaquim Pires hoje vive sob o domínio do tráfico. Neste sábado, um grupo do Comando Vermelho foi preso ao planejar execuções no município

04/05/2025 às 15h25
Por: Douglas Ferreira
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Grupo criminoso ligado ao Comando Vermelho preso neste sábado em Joaquim Pires - Foto: Reprodução
Grupo criminoso ligado ao Comando Vermelho preso neste sábado em Joaquim Pires - Foto: Reprodução

Uma cidade com história e encanto natural

Localizada no Norte do Piauí, Joaquim Pires nasceu da vocação agropecuária. Fundada em 1960, a cidade era sinônimo de tranquilidade, conhecida por suas praças bem cuidadas, povo hospitaleiro e atrações turísticas como:

  • Lagoa do Cajueiro – eleita uma das Sete Maravilhas do Piauí

  • Ilha do Cajueiro – destino ideal para descanso

  • Pedra Branca – exuberância natural

No entanto, o charme deu lugar ao medo. Há pelo menos uma década, a cidade vive sitiada por conflitos entre facções criminosas, e a violência tomou conta da rotina dos pouco mais de 13 mil habitantes.

O espetacular por do sol na Lagoa do Cajueiro, atração turística do município - Foto: Reprodução

Facções em guerra: como Joaquim Pires foi tomada

A transformação da cidade em palco de guerra do narcotráfico não se deu por acaso. Alguns fatores explicam o interesse das facções pelo município:

  • Localização estratégica entre o Piauí e o Ceará, facilitando rotas do tráfico.

  • Baixo efetivo policial e ausência de inteligência preventiva por anos.

  • Tráfico local pulverizado, facilitando disputas de domínio entre grupos rivais.

As principais facções em atuação na região, segundo a polícia, são:

  • Comando Vermelho (CV) – com base de apoio em cidades cearenses próximas, como Camocim.

  • Organizações criminosas locais, de menor porte, mas alinhadas a rivais do CV.

A ameaça evitada: prisão do grupo na noite de sábado

Na noite de sábado (3 de maio), uma operação conjunta da Polícia Militar do Piauí conseguiu impedir o que poderia ser mais um capítulo sangrento da disputa entre facções.

Detalhes da operação:

  • Alvo: grupo do Comando Vermelho oriundo de Camocim (CE)

  • Objetivo: executar rivais ligados ao tráfico local em Joaquim Pires

  • Articulação: envolvia apoio logístico de um homem identificado como “Jefferson”

  • Resultado:

    • 4 presos: J.M.G., E.P.S.F., R.L.R.S. e V.S.C.

    • Apreensões:

      • 1 pistola calibre .380

      • 1 revólver calibre .38

      • Porções de maconha, cocaína e crack

Os suspeitos foram surpreendidos no esconderijo e tentaram fugir, descartando armas e drogas pelo caminho, mas foram rapidamente contidos pelas equipes da Força Tática, 25º BPM de Esperantina e o GPM de Joaquim Pires.

A cidade de Joaquim Pires se destacaba pela beleza e encanto de suas praça bem cuidadas - Foto: Reprodução

Por que Joaquim Pires?

A pergunta que ecoa entre moradores e autoridades é: por que este município foi escolhido por criminosos?
Algumas hipóteses levantadas pelas forças de segurança:

  • Cidade pequena, de fácil infiltração e controle

  • Fronteira entre estados e interior desassistido

  • Possível base de apoio silenciosa de colaboradores locais

  • Ausência de repressão eficiente nos últimos anos


 Que esperar agora?

A prisão do grupo ligado ao Comando Vermelho foi um importante avanço, mas a guerra está longe de acabar. O desafio é:

  • Estabelecer presença policial contínua e ostensiva

  • Investir em inteligência para antecipar movimentos das facções

  • Recuperar o sentimento de segurança da população

Conclusão

A cidade que um dia encantou pela tranquilidade e riqueza natural hoje tenta sobreviver ao domínio do medo imposto pelas facções. A prisão deste sábado pode ser o início de uma virada — mas só se houver continuidade nas ações de segurança e o envolvimento firme das autoridades estaduais e federais.

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