A situação se agrava para a vereadora Tatiana Medeiros. Agora, a parlamentar não é apenas uma suspeita investigada, mas formalmente indiciada pela Polícia Federal. A PF concluiu o inquérito da segunda fase da Operação Escudo Eleitoral e apontou Tatiana como peça-chave de um esquema criminoso que financiou sua eleição com dinheiro do narcotráfico e recursos desviados de uma ONG.
A parlamentar do PSB foi acusada de corrupção eleitoral, falsidade ideológica eleitoral, peculato-desvio (rachadinha), lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa. O relatório, assinado pelo delegado Daniel Araújo Alves, foi enviado à Justiça no dia 11 de abril, e lança uma sombra sobre o futuro político e jurídico da vereadora.
A pergunta que paira no ar é: Tatiana foi apenas beneficiária de um esquema do qual tinha conhecimento ou era parte ativa da engrenagem criminosa? Era só companheira de um faccionado, usufruindo da estrutura criminosa para alcançar o poder, ou colaborava diretamente na gestão dos recursos ilícitos?
A investigação começou com a suspeita de compra de votos com dinheiro da facção Bonde dos 40, e com o avanço da operação, os indícios se tornaram robustos. A PF afirma que a campanha de Tatiana em 2024 foi financiada com dinheiro sujo, tanto oriundo da facção criminosa quanto desviado do Instituto Vamos Juntos, ONG presidida pela própria vereadora.
Para operacionalizar o esquema, a PF identificou o namorado da vereadora, Alandilson Cardoso Passos, como elo direto com o crime organizado. Ele foi apontado como integrante do Bonde dos 40 e responsável por movimentar os recursos ilícitos usados na eleição da companheira.
Alandilson também foi indiciado por organização criminosa, corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro, agiotagem e violação do sigilo do voto.
Mas o envolvimento familiar vai além: o padrasto da vereadora, Stênio Ferreira Santos, que ocupava cargos estratégicos na Secretaria Estadual de Saúde do Piauí e na Presidência da Câmara Municipal de Teresina, foi descrito pela PF como o operador financeiro do esquema. Ele movimentava dinheiro ilícito em contas próprias e em contas de terceiros ligados à assessoria parlamentar da vereadora.
Diante disso, Stênio também foi indiciado por organização criminosa, corrupção eleitoral, lavagem de dinheiro, agiotagem, apropriação indébita, peculato e violação do sigilo do voto. Ele e outros três assessores ligados a Tatiana foram afastados de seus cargos por determinação judicial.
O cerco se fecha sobre a vereadora que, até pouco tempo atrás, discursava em defesa da ética e do povo. Agora, seu mandato está marcado por um enredo de crime, poder e dinheiro sujo. A Justiça decidirá se ela será apenas mais uma parlamentar cassada e presa ou se resistirá - com os mesmos votos que, segundo a PF, foram comprados com o sangue do tráfico.
Tatiana Medeiros se defende em silêncio. Mas o inquérito fala alto.
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