Na tarde desta terça-feira (15), Fernando da Paz Araújo, 36 anos, frentista que exercia suas atividades normalmente, foi brutalmente assassinado a tiros em um posto de combustíveis localizado na Grande Santa Maria da Codipi, zona Norte de Teresina. Segundo as investigações iniciais e filmagens capturadas no local, dois indivíduos em uma motocicleta se aproximaram do posto e, sem o menor sinal de hesitação ou tentativa de assalto, abriram fogo contra o trabalhador, que saiu correndo, acabou caindo na rua e não resistiu aos múltiplos disparos. O episódio, que pode ser classificado como uma execução – um atentado à dignidade humana – ilustra a violência extrema e o desrespeito pelas instituições que, aparentemente, tornam-se rotina na região.
Além da fatalidade com o frentista, uma mulher que se encontrava em sua residência nas proximidades também foi atingida por uma bala perdida, que atravessou o portão de sua casa, deixando-a ferida. O 13º Batalhão de Polícia Militar isolou a área até a chegada do Instituto Médico Legal, que recolheu o corpo de Fernando para os devidos exames periciais. A Polícia Civil, através do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), será responsável por investigar a motivação do crime e identificar os responsáveis.
O caso, que se insere em um contexto mais amplo de violência exacerbada na região, levanta diversas questões que inquietam a população:
Onde vivem esses criminosos?
Muitas das execuções e crimes violentos parecem ser cometidos por indivíduos ligados a facções criminosas que operam na cidade. Existem indícios de que esses grupos não apenas atuam nas ruas, mas também mantêm um certo “espaço de normalidade” em comunidades onde a presença policial é insuficiente.
O que fazem quando não estão cometendo crimes?
Além das atividades ilícitas, esses grupos podem estar engajados em outras formas de controle social e econômico nas áreas onde operam, mas os detalhes sobre sua organização e atividades “legais” permanecem obscuros, o que contribui para a sensação de impunidade.
A polícia sabe da existência deles? Por que não agem preventivamente?
A frequência dos delitos e a intensidade dos confrontos apontam para falhas tanto na prevenção quanto na resposta das forças de segurança. A sensação disseminada entre a população é de que a polícia, mesmo ciente da atuação das facções, não tem eficácia – ou, em alguns casos, a coordenação entre as esferas de segurança é insuficiente para evitar que esses grupos operem abertamente.
A justiça prende e solta?
A população questiona se o sistema de justiça tem atuado com rigor, já que muitos dos criminosos parecem frequentemente escapar de punições duradouras. Essa percepção contribui para o desânimo com a capacidade estatal de manter a ordem e a segurança pública.
"Algo de errado não está certo":
Essa máxima, já ouvida no Piauí, reforça o sentimento de que há uma falha sistêmica – talvez uma conivência indireta ou incapacidade operacional – que permite que tais atrocidades se repitam com relativa impunidade.
O episódio serve como um triste lembrete de que o crime deixou de ter respeito pelas regras básicas de convivência social. A execução do frentista em plena luz do dia e a violência praticada no coração das comunidades elevam o nível de alerta e clamam por respostas efetivas das autoridades. A população não pode permanecer indiferente diante de tais cenas, e há uma demanda urgente por políticas de segurança que se antecipem aos fatos, com ações preventivas e uma resposta judicial firme que desmotive a continuidade desses crimes.
Em um cenário onde a violência se alastra por meio de execuções, decapitações e torturas – práticas que parecem ter se banalizado na Santa Maria da Codipi – a inação ou a hesitação das forças de segurança somente reforça a sensação de abandono e impotência diante do flagelo. Esse episódio, assim como outros semelhantes, insiste em deixar claro que, para restaurar a segurança e a confiança da população, é necessária não apenas a repressão imediata, mas também um olhar estratégico e preventivo sobre a atuação das facções criminosas e uma revisão dos mecanismos de trabalho da polícia e da justiça.
Afinal, segurança pública não se faz apenas com a boa intenção e a força de vontade de policiais abnegados. É preciso muito mais. Não há segurança efetiva e eficiente sem armamento e munição adequados, viaturas modernas e abastecidas, tecnologia operacional e inteligência para que a polícia possa se antecipar aos fatos.
Cada morte, cada ferimento e cada ato de violência não são apenas estatísticas, mas sinais de que a urgência em redefinir as políticas públicas de segurança e justiça no Piauí é mais premente do que nunca.
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