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Teresina, PI

Polícia A OUSADIA DO CRIME

Criminosos sem freio: até a casa do policial virou alvo em Teresina

Facções fazem refém, desarmam a PM e zombam do Estado. O que mais precisa acontecer para que o poder público acorde?

11/04/2025 às 10h40
Por: Douglas Ferreira
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Crime que já havia perdido o respeito, agora perdeu o medo pela autoridade policial - Foto: Reprodução
Crime que já havia perdido o respeito, agora perdeu o medo pela autoridade policial - Foto: Reprodução

A ousadia dos criminosos no Piauí atingiu um novo patamar de violência e afronta. O que antes se via nas ruas - como o desarme de policiais em serviço ou no deslocamento para casa - agora invade os lares. Nesta quinta-feira (10), um sargento da Polícia Militar teve sua casa invadida por bandidos armados e encapuzados, que fizeram sua esposa e filho reféns, roubaram armas, munições e coletes da corporação, e ainda tiveram tempo para vasculhar o imóvel.

O crime, ocorrido no loteamento Jardim das Palmeiras, na zona Sudeste de Teresina, não é um caso isolado - é o retrato da falência de um sistema que não consegue conter, punir ou sequer intimidar a criminalidade organizada. O policial só não foi morto porque, ao tentar reagir, foi surpreendido por três disparos. Se rendeu, sobreviveu. Mas viu sua autoridade, seu trabalho e sua família violados dentro da própria casa.

O que garante essa audácia? A sensação clara - e cada vez mais justificada - de impunidade e proteção legal aos criminosos. A maioria dos autores desses crimes pertence a facções que já operam como verdadeiras organizações militares paralelas. Sabem como agir, contam com inteligência, proteção em comunidades dominadas e, acima de tudo, têm a certeza de que mesmo se forem presos, estarão soltos em pouco tempo.

A polícia prende. Prende de novo. Às vezes, prende três vezes na mesma semana. Mas o sistema jurídico solta. A legislação é leniente, burocrática, permissiva. A Justiça - ou o que deveria sê-la - vive entre audiências de custódia, recursos infindáveis e penas brandas, especialmente quando se trata de menores envolvidos ou de delitos cometidos sem "violência grave", como classifica friamente o Código Penal.

E enquanto isso, quem vive com medo é o cidadão comum, o policial, a família que dorme atrás de grades e câmeras. O criminoso, por outro lado, circula armado, desafia o Estado, invade casas, mata rivais e deixa sua marca nos muros e nos noticiários.

Até quando?
Quantos policiais terão suas famílias amarradas e humilhadas dentro de casa? Quantos sargentos, cabos ou soldados terão suas armas levadas como troféu por facções? Quantos lares precisarão virar trincheiras?

A criminalidade perdeu o medo. O respeito, já não existia. Resta saber: quem vai recuperar a autoridade do Estado? Porque se até o lar de um policial deixou de ser seguro, o recado está dado: o crime não teme mais nada.

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