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Polícia 'ENXUGA GELO'

Operação Draco 189: Narcotráfico se alastra pelo interior do Piauí enquanto operações policiais tentam conter avanço

Apesar das investidas da polícia, facções dominam territórios e expandem influência até nas pequenas cidades do Estado

13/02/2025 às 08h06
Por: Douglas Ferreira
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Operação Draco 189 tentar sufocar o narcotráfico em Altos e Alto Longá - Foto: Reprodução
Operação Draco 189 tentar sufocar o narcotráfico em Altos e Alto Longá - Foto: Reprodução

O Piauí já não é mais um território imune ao narcotráfico. Se antes as facções criminosas atuavam principalmente na capital, hoje seu domínio se estende por todo o Estado, alcançando desde cidades de médio porte até pequenos municípios do interior. De Cristalândia, no extremo sul, a Cajueiro da Praia, no litoral, o mapa do crime está desenhado e consolidado. As facções disputam áreas, impõem suas próprias regras e levam uma onda de violência a locais que antes eram considerados pacatos.

A prova desse avanço se reflete na operação Draco 189, deflagrada nesta quinta-feira (13) pelo Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO). A ação foi desencadeada após uma série de homicídios em Altos e Alto Longá, dois municípios que se tornaram palco da guerra entre grupos rivais. No total, foram expedidos sete mandados de prisão e 24 de busca e apreensão.

Por mais que operações como essa sejam necessárias, a realidade é que o trabalho da polícia tem se resumido a conter danos, atuando apenas depois que a criminalidade e a violência já se instalaram. O problema é evidente: o tráfico não se combate apenas reagindo. O narcotráfico funciona como uma engrenagem bem estruturada, e suas ramificações são conhecidas pelas forças de segurança. Não é segredo quem são os chefes das facções, onde ocorrem as movimentações de droga e quais cidades servem de rota para o crime.

O que falta, então? Inteligência estratégica, antecipação e, acima de tudo, compromisso do governo em sufocar de verdade o narcotráfico. Isso envolve equipar melhor as polícias com viaturas, armamento, munição, coletes e tecnologia, além de um trabalho mais incisivo no monitoramento das lideranças criminosas e na interceptação de cargas de droga antes que cheguem ao seu destino.

Porém, de nada adianta o esforço policial se a Justiça não fizer sua parte. É preciso que os criminosos presos, principalmente os chefões do tráfico, permaneçam detidos, sem brechas para solturas rápidas ou benefícios que favoreçam sua rearticulação.

A operação Draco 189, apesar de importante, é mais um exemplo de uma ação pontual que pouco altera o cenário geral. As facções seguem operando, se reorganizando e expandindo sua influência. Se nada for feito de forma estrutural, o Piauí seguirá refém do crime, e o trabalho policial continuará sendo apenas uma tentativa de enxugar gelo.

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