O envolvimento direto ou indireto de influenciadores digitais com o crime organizado tem se tornado cada vez mais evidente. Um dos casos mais chocantes é o da blogueira Maria Clara Sousa Nunes, conhecida como Clarynha Sousah, acusada de envolvimento na morte e esquartejamento de Silvana Rodrigues de Sousa. O crime, que ocorreu em junho de 2024, ganhou notoriedade pela brutalidade e pelas ligações com uma facção criminosa.
De acordo com a investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), liderada pelo delegado Bruno Ursulino, Maria Clara seria uma "disciplina" dentro da organização criminosa, ou seja, responsável por fiscalizar e garantir o cumprimento das regras do grupo. Segundo o inquérito, ela teria coordenado o assassinato de Silvana, cujo corpo foi esquartejado, colocado em sacos plásticos e enterrado em uma área de mata na zona Sudeste de Teresina.
João Victor Rodrigues, outro réu no caso, também prestou depoimento durante a audiência de instrução.
Maria Clara, presa há cinco meses, nega qualquer envolvimento no crime e na facção. Durante o interrogatório, ela afirmou que apenas entregou sacos plásticos a pedido de um dos envolvidos e que, ao chegar ao local, já encontrou a vítima esquartejada. A blogueira justificou que não acionou a polícia por medo de ser morta. Em meio ao depoimento, chorou e pediu para responder ao processo em liberdade, alegando querer estar próxima de seus três filhos.
Seu advogado, Wesllen Costa, argumentou que "não há provas de sua participação na ordem ou execução do crime" e que nenhuma evidência em seu celular comprova vínculos com o grupo criminoso.
Uma das principais evidências que ligam Clarynha Sousah ao crime é uma foto da vítima morta, na qual aparece uma perna com uma tatuagem idêntica à da blogueira. O local do assassinato era uma casa abandonada, conhecida por ser frequentada por usuários de drogas.
Apesar disso, sua defesa afirma que a foto não prova sua participação direta na execução e questiona como e em que circunstâncias a imagem foi capturada. A advogada Branca Macedo ressaltou que a quebra do sigilo telefônico da acusada não revelou mensagens ou ligações que a ligassem ao crime.
Durante a audiência, seis testemunhas e três réus foram ouvidos: Maria Clara, Sebastian Valério e João Victor Rodrigues de Paiva Barros. Agora, cabe ao Ministério Público apresentar suas considerações e, em seguida, a defesa fará suas alegações finais.
Ao final desse processo, o juiz decidirá se Maria Clara Sousa Nunes será levada a júri popular ou se poderá responder em liberdade. Enquanto isso, o caso continua gerando grande repercussão e levantando questionamentos sobre a crescente conexão entre influenciadores e o crime organizado.
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