O caso de envenenamento coletivo em Parnaíba, Piauí, parece ter saído de um roteiro de filme de suspense, mas é uma história real e aterradora. Maria dos Aflitos e seu companheiro, Francisco de Assis Pereira da Costa, são acusados de arquitetar e executar a morte de oito pessoas, incluindo cinco crianças, em um plano macabro que se desenrolou ao longo de cinco meses.
As investigações revelam que os crimes começaram com o assassinato de dois netos de Maria dos Aflitos, envenenados com suco contaminado com terbufós, um veneno altamente tóxico. Em 1º de janeiro, o casal avançou ainda mais no plano, contaminando um almoço com o mesmo veneno, resultando na morte de cinco membros da família.
Além dos parentes, a vizinha Maria Jocilene da Silva, que mantinha um relacionamento extraconjugal com Maria dos Aflitos, também foi envenenada. Inicialmente, sobreviveu ao primeiro ataque, mas acabou sendo morta posteriormente com um café contaminado.
As mortes foram premeditadas e tinham motivações perversas. O casal buscava reduzir as despesas domésticas e eliminar desafetos dentro da casa. Relatos indicam que Francisco desprezava seus enteados, chegando a expressar ódio por eles.
Além disso, Maria dos Aflitos tentou incriminar a amante, Jocilene, na tentativa de proteger Francisco das investigações. A trama cruel só veio à tona após contradições nos depoimentos e exames que confirmaram a presença de veneno nas vítimas.
E, como nos filmes de suspense, há sempre alguém injustamente apontada como o responsável pelos crimes. No caso macabro de Parnaíba, também não faltou um 'bode espiatório'.
Lucélia Maria, uma vizinha, foi presa em agosto numa trapalhada da polícia judiciária. Ela passou cinco meses presa e deixou a prisão no dia 15 do mês passado, após laudo afastar a possibilidade de ela ter cometido o crime.
Durante as investigações, a polícia civil encontrou documentos que revelam a obsessão de Francisco de Assis por ideais nazistas. Em um baú e em uma segunda casa, de acesso exclusivo a ele, foram apreendidos livros, incluindo Médicos Malditos, que detalha as práticas da SS nazista. Alguns trechos estavam grifados, com anotações sobre métodos letais, como: “para despistar as futuras vítimas, o produto deveria ser eficaz e sem gosto”, uma descrição que coincide com as propriedades do terbufós.
A polícia prendeu os dois acusados, e a investigação continua para garantir que todos os envolvidos sejam responsabilizados. A brutalidade do caso choca o país e levanta questionamentos sobre como uma tragédia dessas pode acontecer dentro do próprio lar.
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