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Polícia MATRIARCA PRESA

Avó é presa após depor sobre envenenamento de filhos e netos em Parnaíba

Polícia investiga se Maria dos Aflitos teve participação no crime que matou cinco pessoas; secretário de Segurança admite possibilidade de mais de um responsável

31/01/2025 às 09h17
Por: Douglas Ferreira
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Maria dos Aflitos é suspeita de envolvimento no envenenamento coletivo - Foto: Reprodução
Maria dos Aflitos é suspeita de envolvimento no envenenamento coletivo - Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Piauí prendeu, nesta sexta-feira (31), Maria dos Aflitos, matriarca da família envenenada em Parnaíba, no litoral do estado. Além dela, pelo menos outras quatro pessoas foram levadas à Delegacia Regional da cidade para prestar esclarecimentos. A prisão ocorreu após depoimentos que levantaram novas suspeitas sobre o envolvimento da mulher no crime que matou cinco membros de sua própria família, incluindo três crianças.

A ação policial aconteceu no bairro São Vicente de Paula, onde Maria dos Aflitos passou a morar com os filhos sobreviventes depois do crime. O endereço é diferente daquele onde ocorreram os envenenamentos, e as autoridades realizaram buscas na residência à procura de novas provas.

Maria dos Aflitos é casada com Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, que já está preso e é apontado como o principal suspeito do crime. Ele era padrasto e "vodrasto" (padrasto e avô ao mesmo tempo) da maioria das vítimas.

Elo familiar e vítimas do crime

O envenenamento em série abalou a cidade de Parnaíba. Maria dos Aflitos é mãe de Francisca Maria da Silva, de 32 anos, e de Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, ambos mortos após consumirem o alimento contaminado. Francisca Maria faleceu após seis dias internada no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), enquanto Manoel Leandro morreu poucas horas após ingerir a comida envenenada.

Os filhos de Francisca Maria – Igno Davi Silva, de 1 ano e 8 meses, Maria Lauane Fontenele, de 3 anos, e Maria Gabriele Fontenele, de 4 anos – também não resistiram e faleceram.

As crianças eram irmãs de Ulisses Gabriel, de 8 anos, e João Miguel, de 7 anos, que morreram em agosto de 2023, em circunstâncias semelhantes. Na época, uma vizinha foi apontada como suspeita pelo envenenamento dos meninos e chegou a ser presa, mas foi solta este ano, depois que exames técnicos provaram que os cajus que ela havia doado às crianças não continham veneno.

Polícia suspeita de mais um envolvido no crime

A prisão de Maria dos Aflitos pode indicar que Francisco de Assis não agiu sozinho. O secretário de Segurança Pública do Piauí, Chico Lucas, afirmou em entrevista à TV Cidade Verde que as investigações sugerem a participação de mais de um suspeito no crime. Segundo ele, a forma como o envenenamento foi realizado demonstra uma tentativa de camuflar a autoria.

Francisco de Assis já havia prestado depoimentos contraditórios no passado e, segundo a polícia, ele chegou a induzir as investigações ao erro. Seu testemunho sobre a morte dos irmãos Ulisses e João Miguel, em 2023, contribuiu para a prisão equivocada da vizinha, desviando o foco da investigação.

Diante dessa reviravolta, a Secretaria de Segurança Pública do Piauí anunciou que só se manifestará oficialmente sobre o caso após a conclusão do inquérito. Enquanto isso, Maria dos Aflitos segue presa, e a polícia busca entender se ela foi vítima da situação ou cúmplice no crime que destruiu sua própria família.

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