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Nordeste EMPREGOS NO NORDESTE

BA, PE e PB lideram geração de empregos no Nordeste; Piauí tem desempenho tímido

Com números pífios, o governo do Piauí deve explicações: cadê os empregos prometidos pelas viagens e pelos investimentos alardeados?

03/07/2025 às 22h35 Atualizada em 03/07/2025 às 23h02
Por: Douglas Ferreira
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Treinamento no chão de fábrica em Camaçari, na Bahia - Foto: Reprodução
Treinamento no chão de fábrica em Camaçari, na Bahia - Foto: Reprodução

O Brasil ultrapassou a marca de um milhão de vagas formais criadas nos cinco primeiros meses de 2025, somando 1.051.244 novos empregos com carteira assinada e saldo positivo nos cinco principais setores da economia. Nos últimos 12 meses, o país acumula 1,62 milhão de novos postos formais. Apenas em maio, foram geradas 148.992 vagas, e o estoque total de vínculos empregatícios ativos superou 48,2 milhões, alcançando o maior patamar da série histórica.

Destaques do ano

O setor de Serviços liderou a geração de empregos no ano, com 562.984 vagas, alta de 2,44%. Em seguida vem a Indústria, com crescimento de 2,35% e 209.685 novas vagas, puxadas sobretudo pelos segmentos de produtos alimentícios (+22.757), máquinas e equipamentos (+14.675), produtos de metal, exceto máquinas (+13.236) e fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (+12.919).
A Construção Civil também apresentou desempenho expressivo, com 149.233 postos criados, alta de 5,22%, enquanto a Agropecuária somou 72.650 vagas (+4,04%) e o Comércio, 56.708 novas contratações (+0,54%).

A economia nordestina voltou a dar sinais positivos em maio de 2025. Dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho, mostram que a Bahia liderou a geração de empregos formais na região, com mais de 12 mil novos postos de trabalho no mês. Na segunda colocação aparece Pernambuco, com mais de 9,7 mil vagas criadas, seguido de Paraíba, que ultrapassou 5,9 mil empregos formais em maio.

Logo atrás aparecem o Ceará, com 5.769 novos postos, e o Maranhão, que superou o desempenho do Piauí. O mercado de trabalho piauiense registrou em maio 3.559 vargas, amargando a sexta posição no ranking dos nove Estados do Nordeste, à frente apenas de Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas.

 

Os números evidenciam uma dura realidade: o Piauí não consegue decolar e permanece atrás de Estados vizinhos que enfrentam desafios semelhantes.

Bahia, Pernambuco e Paraíba mostram força econômica

O bom desempenho da Bahia, Pernambuco e Paraíba comprova que é possível criar um ambiente favorável aos investimentos e ao emprego, mesmo diante de um cenário econômico desafiador. A Bahia, sozinha, gerou o dobro de vagas que o Ceará, enquanto Pernambuco garantiu quase o triplo de empregos formais que o Piauí.

Até mesmo o Maranhão, apresentou resultados melhores que o Piauí. Isso revela que outros governos estaduais têm sido mais eficientes em políticas públicas, atração de empresas, incentivos fiscais e obras capazes de dinamizar a economia e gerar empregos.

Piauí: promessas sem resultados práticos

Diante desses números, a pergunta que ecoa entre os piauienses é inevitável: por que o Piauí não consegue acompanhar o ritmo da região?

O governador Rafael Fonteles tem acumulado quase duas dezenas de viagens internacionais desde o início do mandato. Passou por países europeus, asiáticos e abriu até escritórios de representação na Estônia e na China, prometendo atrair investimentos para transformar o Estado em referência em energia renovável, tecnologia e inovação. Mas, pelo visto os empregos e investimentos vão ficar apenas nas promessas.

No entanto, na prática, esses investimentos ainda não se materializaram em empregos para os piauienses. As viagens, embora onerosas aos cofres públicos, parecem ter rendido apenas discursos e marketing institucional. O resultado concreto para a economia e o trabalhador piauiense ainda não apareceu.

O Piauí quer saber: cadê os empregos, governador?

A comparação com os vizinhos é inevitável e incômoda para o governo estadual. Como explicar que Estados igualmente carentes, como Maranhão e Paraíba, consigam gerar mais empregos, enquanto o Piauí patina?

Faltam políticas mais agressivas de atração de investimentos? O ambiente regulatório do Estado é hostil ao empreendedorismo? Ou há falta de planejamento estratégico e vontade política para tirar o Piauí do marasmo econômico?

A população piauiense, que paga impostos altos e enfrenta desemprego crescente, tem o direito de cobrar: cadê os empregos, governador? Cadê os resultados concretos das viagens milionárias pelo mundo? Cadê as fábricas, as indústrias, os canteiros de obras? Cadê o Porto Piauí? 

Dois anos depois de inaugurado o que deveria ser um entreposto pesqueiro não conseguiu atracar navio algum. O motivo? Não tem atracadouro, não tem calado? Não tem peixe. Não tem nada. O porto continua sendo um sonho. A diferença hoje é que é um sonho que está consumindo milhões dos parcos recursos do empobrecido e endividado Estado do Piauí.

Enquanto Bahia, Pernambuco, Paraíba e até Maranhão avançam, o Piauí continua ficando para trás a ver navios. E a cada mês, a cada novo dado do Caged, aumenta a distância entre a propaganda do governo e a realidade do sofrido trabalhador piauiense.

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