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Empreendedorismo CASAS IMPRESSAS

Impressão 3D de concreto: a máquina que promete redefinir o futuro das moradias

Com capacidade para construir até 200 casas por semana, a tecnologia de impressão 3D com concreto desafia os paradigmas da construção civil, oferecendo soluções rápidas, sustentáveis e acessíveis para o déficit habitacional global

06/06/2025 às 06h00 Atualizada em 06/06/2025 às 06h12
Por: Douglas Ferreira
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A máquina imprime 200 casas por semana em concreto 3D e revolucionar moradias rápidas, acessíveis e sustentáveis - Foto: Reprodução
A máquina imprime 200 casas por semana em concreto 3D e revolucionar moradias rápidas, acessíveis e sustentáveis - Foto: Reprodução

Uma revolução concreta: ficção científica ou engenharia real?

Parece ficção: um robô gigante imprimindo casas em poucas horas, com mínimo custo, baixo impacto ambiental e resistência superior às construções convencionais. Mas essa realidade já está sendo moldada por empresas como ICON (EUA), COBOD (Dinamarca) e 14Trees (Quênia). A promessa? Até 200 casas por semana produzidas por impressão 3D de concreto. Mas quão factível, seguro e transformador é esse processo?

Segurança: casas impressas são confiáveis?

Sim - e talvez até mais do que as convencionais. A tecnologia usa concretos especiais como o Lavacrete, resistente a pragas, umidade, intempéries e até terremotos. Testes mostram que as paredes impressas são mais uniformes, eliminando falhas humanas comuns na alvenaria. No entanto, ainda há desafios regulatórios, como normas técnicas e aprovação por órgãos públicos, que precisam ser padronizadas globalmente para garantir durabilidade e segurança jurídica.

O equipamento promete revolucionar o processo de fabricação de casas no mundo inteiro - Foto: Reprodução

Impacto na engenharia moderna

A construção civil, um dos setores mais resistentes à inovação, está diante de sua maior transformação desde o concreto armado. A impressão 3D:

  • Reduz o tempo de obra em até 80%.

  • Corta custos com mão de obra e materiais.

  • Minimiza o desperdício, pois usa a quantidade exata de insumo.

  • Permite liberdade arquitetônica, com curvas e formas complexas sem aumento de preço.

Mais do que uma inovação técnica, essa mudança exige nova formação profissional, repensando currículos de engenharia, arquitetura e construção.

Vantagens para o futuro das cidades

A principal vantagem é óbvia: velocidade com economia. Imagine a reconstrução de áreas atingidas por desastres em poucos dias ou a urbanização rápida e organizada de regiões carentes. Some-se a isso:

  • Menor emissão de COâ‚‚.

  • Menor uso de madeira, tijolos e cimento tradicional.

  • Personalização em massa de projetos habitacionais.

  • Utilização de materiais locais (como no sistema D.fab, da CEMEX).

As casas em impressão 3D já é uma realidade na Europa - Foto: Reprodução

Pode reduzir o déficit habitacional?

Potencialmente, sim. Mas é preciso vontade política, investimento público e desburocratização. O déficit habitacional nos grandes centros não é apenas uma questão técnica - é uma crise social e política. Com a impressão 3D, torna-se viável construir milhares de unidades em tempo recorde, reduzindo filas por moradia e valorizando a dignidade humana. Porém, sem políticas inclusivas, o risco é que essa tecnologia seja apropriada apenas pelo setor privado de alto padrão.

Um caminho vem Volta?

O avanço é irreversível. A NASA já desenvolve impressoras 3D para construir bases na Lua e Marte, usando solo extraterrestre como matéria-prima. A ICON, por exemplo, imprime casas para veteranos nos EUA e abriga populações vulneráveis no México. O Quênia já produz moradias em 12 horas. O Brasil, ainda atrasado, assiste de longe - por enquanto.

Conclusão provocativa:
A impressão 3D não é milagre, é engenharia com visão. Ela não resolve por si só o problema da moradia, mas oferece um instrumento poderoso - se for usado com ética, justiça social e coragem política. O futuro da construção civil chegou. A pergunta é: vamos imprimir dignidade ou apenas lucro?

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