A Câmara Municipal da cidade de Caxias, no Maranhão, surpreendeu ao conceder cidadania honorária ao presidente salvadorenho Nayib Bukele, conhecido mundialmente pela política de "tolerância zero" contra as gangues e o crime organizado em seu país.
A proposta foi apresentada pelo vereador Antônio José Bittencourt de Albuquerque, o Catulé, do Partido Liberal (PL), e foi aprovada por unanimidade na sessão legislativa da noite desta segunda-feira, 5 de maio. Catulé defende que, apesar das críticas internacionais quanto ao endurecimento das medidas de segurança adotadas por Bukele, os resultados falam por si.
“Com a ascensão de Bukele à presidência de El Salvador, vimos um dos países mais violentos do mundo se tornar referência em segurança. Ainda que se questionem os métodos, os resultados são inegáveis”, disse o vereador na justificativa da proposta.
Segundo ele, o índice de homicídios em El Salvador caiu de 34 para 1,9 por 100 mil habitantes, algo que “renova as esperanças” de que o combate efetivo ao crime organizado é possível, inclusive em países periféricos e de democracias frágeis, como muitos da América Latina.
Nayib Bukele vem sendo criticado por organismos internacionais e entidades de direitos humanos por práticas autoritárias, encarceramento em massa, e restrições civis, como o controle de imprensa e uso das Forças Armadas em votações legislativas. No entanto, seu prestígio entre setores populares se mantém alto - inclusive fora de El Salvador.
Em Caxias, cidade com 165 mil habitantes e considerada, segundo o Atlas da Violência 2023, a mais violenta do Maranhão (com 46,5 homicídios por 100 mil habitantes), a proposta foi recebida como um gesto simbólico de clamor por segurança.
A aprovação por unanimidade do título a Bukele levanta questões relevantes. Por que todos os vereadores votaram a favor? Será reflexo do cansaço generalizado da população com a sensação de impunidade e insegurança? Estaria o povo de Caxias - e, por extensão, do Brasil - rejeitando as políticas oficiais que parecem lenientes com o avanço do crime organizado e das facções?
Para Catulé, a resposta é clara:
“Não estamos aqui exaltando métodos extremos, mas reconhecendo a coragem de um líder que colocou a vida do povo acima do medo de ser impopular. O povo brasileiro está cansado de ver criminosos mandando nas cidades e no interior. Em Caxias não é diferente”.
A honraria concedida a Bukele, embora simbólica, parece refletir um sentimento cada vez mais comum: a descrença com as estruturas de segurança pública do Brasil e o desejo de soluções mais duras e eficazes contra facções, homicídios e tráfico.
O gesto do legislativo caxiense pode ser lido como um protesto silencioso contra o que muitos enxergam como “impunidade oficializada”. E ainda que a medida não tenha impacto prático, tem peso político e social ao colocar o nome de Bukele no centro do debate sobre segurança pública no Brasil.
Confira documentário da Revista Piauí sobre El Salvador:
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