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Educação CORRUPÇÃO NA ESCOLA

CEARÁ: O escândalo das matrículas fantasmas e o desvio milionário na educação brasileira

Enquanto o governo não sabe onde estão os estudantes do Pé de Meia, a CGU revela fraudes no EJA, evidenciando o descontrole e a corrupção no MEC

03/03/2025 às 07h59
Por: Douglas Ferreira
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Técnicos da CGU percorreram 934 km para chegar até as cidades fraudadoras do EJA - Foto: Reprodução
Técnicos da CGU percorreram 934 km para chegar até as cidades fraudadoras do EJA - Foto: Reprodução

O Brasil assiste a mais um escândalo envolvendo a educação pública. Em um momento em que o governo federal não consegue sequer localizar os beneficiários do programa Pé de Meia, que consome bilhões dos cofres públicos, a Controladoria-Geral da União (CGU) expõe um esquema de fraudes no programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). A investigação revela que municípios em todo o país, incluindo quatro no Ceará, inflaram números de matrículas com alunos fantasmas, incluindo pessoas mortas, para desviar recursos federais.

O relatório da CGU apontou que, somente nesses quatro municípios cearenses - Pacujá, Monsenhor Tabosa, Palmácia e Solonópole -, mais de R$ 15 milhões foram desviados. Prefeitos e gestores escolares transformaram o Censo Escolar em uma ferramenta de corrupção, inflando dados para receber mais verbas do Fundeb, do Salário-Educação e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

As denúncias são alarmantes. Em Monsenhor Tabosa, foi identificado um aluno matriculado que já estava morto antes do início do ano letivo. Em Pacujá e Palmácia, diversas pessoas afirmaram que não se matricularam e sequer sabiam que seus documentos haviam sido usados para fraudar registros escolares. Para completar o absurdo, várias dessas matrículas falsas tinham presença de 100% nos diários de classe, apesar de os alunos jamais terem frequentado a escola.

Para onde foi esse dinheiro? Quem está por trás desse esquema? O que acontece com a educação nesses municípios enquanto prefeitos e secretários lucram com matrículas fraudulentas? Os milhões desviados não apenas alimentam a corrupção, mas condenam milhares de brasileiros à falta de oportunidades e perpetuam a precariedade do ensino público.

A CGU recomendou mudanças no controle de matrículas e maior rigor na fiscalização, mas até quando o Brasil aceitará que a educação, um direito fundamental, seja tratada como moeda de troca para esquemas corruptos? A impunidade que se arrasta por décadas precisa ter um fim. Quem rouba da educação não desvia apenas dinheiro - tira o futuro de toda uma geração.

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