A recente decisão do governador Rafael Fonteles (PT) de autorizar a criação da Faculdade Estadual Piauí Instituto de Tecnologia (PIT) gerou tanto expectativa quanto questionamentos. O decreto, publicado no Diário Oficial do Estado em 7 de fevereiro, prevê uma instituição voltada para ensino, pesquisa e extensão nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, com foco em inovação e empreendedorismo. A ideia, segundo o governo, é fomentar um ecossistema de inovação conectando empresas, startups e instituições acadêmicas.
A PIT será mantida pelo Piauí Instituto de Tecnologia, subsidiário da Agência de Atração de Investimentos Estratégicos do Piauí (Investe Piauí). Sua proposta é ofertar cursos de graduação, pós-graduação, curta duração, livres, técnicos e tecnológicos, priorizando o desenvolvimento tecnológico e a pesquisa aplicada.
Ainda não há informações detalhadas sobre a localização da unidade principal da PIT. No entanto, fontes do governo indicam que a estrutura inicial será instalada em Teresina, com possibilidade de expansão para outras regiões do Estado.
A criação da PIT levanta uma questão fundamental: por que o governo do Piauí investe na abertura de uma nova faculdade enquanto a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) enfrenta uma crise histórica? A Uespi convive com falta de infraestrutura, laboratórios sucateados, ausência de equipamentos básicos e um quadro de professores insuficiente. Além disso, as unidades do interior operam em condições ainda mais precárias.
Diante das críticas, o governo argumenta que os investimentos na PIT não comprometem os recursos da Uespi, pois a nova faculdade será mantida por um modelo de gestão vinculado à Investe Piauí, com parcerias público-privadas e um foco específico em tecnologia e inovação. No entanto, não há, até o momento, um plano concreto para reestruturar e modernizar a Uespi, que segue com demandas urgentes em todas as suas unidades.
A decisão de criar a Faculdade PIT pode representar um avanço para a educação tecnológica no Estado, mas também reforça um paradoxo: enquanto uma nova instituição nasce com a promessa de inovação, a universidade que deveria ser a referência do ensino superior no Piauí continua enfrentando dificuldades que comprometem sua qualidade e credibilidade. O futuro dirá se essa escolha do governo será benéfica ou apenas um novo capítulo da negligência com o ensino público tradicional.
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