A morte de Girlania Maria Simão Silva, de apenas 25 anos, enquanto treinava em uma academia de Marcolândia (PI) na noite de sexta-feira (9), reacende o debate sobre a morte súbita em atividade física - um fenômeno raro, mas que vem ganhando destaque nos noticiários devido à juventude das vítimas.
Girlania chegou à academia por volta das 20h30, cumpriu seu ritual de saudação e iniciou os exercícios. Em poucos minutos, sofreu um mal súbito, desmaiou e foi levada com vida à UPA local, mas não resistiu. Segundo o Instituto Médico Legal (IML), tratou-se de morte natural. Não havia histórico conhecido de doenças ou queixas prévias.
Embora a grande maioria das mortes súbitas durante atividade física ocorra em pessoas acima dos 35 anos, não há registro “isolado” apenas em atletas de elite. No Brasil, estudos clínicos estimam que ocorram entre 1 a 3 mortes súbitas cardíacas por 100 mil atletas por ano; em não-atletas, o número é ainda menor, mas não zero. A repercussão dramática de casos em academias ou em meio amador (como caminhadas e corridas) faz parecer que o fenômeno está aumentando - mas especialistas alertam que pode haver viés de cobertura midiática.
Em jovens sem comorbidade conhecida, o mais comum é haver um distúrbio cardíaco não detectado, tais como:
Cardiomiopatia hipertrófica (espessamento anômalo do músculo do coração).
Canalopatias (alterações em canais iônicos que controlam o ritmo cardíaco).
Anomalias congênitas das artérias coronárias.
Miocardite viral (inflamação do músculo cardíaco, muitas vezes pós-infecção).
Essas condições podem permanecer assintomáticas até um gatilho como exercício intenso, que aumenta a demanda de oxigênio do miocárdio e precipita arritmias fatais.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomenda:
Avaliação pré-participação: questionário de rotina e exame clínico para quem inicia atividades regulares.
Ecocardiograma e eletrocardiograma em casos com queixas de dor torácica, desmaio ou história familiar de morte súbita.
Monitoramento gradual da intensidade: iniciar exercícios em níveis moderados e aumentar progressivamente.
O Ministério da Saúde, em suas diretrizes de atenção básica, enfatiza a promoção de saúde e prevenção de doenças crônicas, mas as recomendações específicas para academia cabem às secretarias estaduais e municipais de saúde e aos Clínicos de Medicina do Esporte.
Consulta médica anual antes de embarcar em regimes de treinamento intenso.
Questionário de risco simples (por exemplo, ESC’s PAR-Q) para identificar histórico de doença cardíaca.
Aquecer e alongar: evita picos de sobrecarga súbita no coração.
Hidratação e alimentação adequadas, pois desequilíbrios eletrolíticos podem precipitar arritmias.
Acesso a desfibrilador (DEA) em academias, conforme norma da Associação Brasileira de Medicamentos do Esporte.
Não. A prática regular de atividades físicas, dentro de limites saudáveis, reduz o risco de doença cardiovascular a longo prazo. Casos como o de Girlania são trágicos, mas raros. Manter-se ativo - com responsabilidade e orientação médica - continua sendo uma das melhores recomendações de saúde pública.
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